Três anos da tragédia de Brumadinho: Os crimes ambientais da Vale não podem ficar impunes

Sind-REDE se une a Movimentos sociais, ambientalistas, religiosos e familiares para homenagear vítimas e pedir Justiça

O crime ambiental que geral o rompimento da barragem B1 da mineradora Vale na mina Córrego do Feijão, situada no município de Brumadinho (MG), que deixou 272 mortos e um rastro de destruição ambiental iniciado na bacio do Rio Paraopeba, completou três anos nesta terça-feira (25/01).

Marcando essa data, o Sind-REDE/BH e a CSP-Conlutas se uniram a diversos movimentos sociais, sindicatos, organizações religiosas e ligadas ao poder público, para realizar um ato público em homenagem as vítimas e exigir Justiça. O ato começou com uma missa e depois seguiu em passeata até o letreiro na entrada da cidade, que se tornou um verdadeiro memorial das vítimas. O Ato também contou com a presença de grupos de congado e outras manifestações da cultura popular local.

A Vale permanece impune, tentando discutir a competência do processo judicial na Justiça Federal. Os movimentos sociais pedem a responsabilização criminal dos diretores, responsáveis pelas decisões que optaram por cortar custos na manutenção das barragens, que levaram ao seu rompimento. A responsabilização é importante para que sirva de exemplo para todas as mineradoras que atuam no Brasil.

A luta pela reparação integral, tanto econômica quanto socioambiental, permanece em curso. Além das famílias que ainda vivem na angústia a espera da localização das 6 vítimas que permanecem soterradas pela lama, a morosidade nas obras de reparação ambiental tem provocado novos danos. Com as chuvas intensas registradas em dezembro e janeiro deste ano, barragens de rejeitos transbordaram, o que obrigou comunidades inteiras a deixarem suas casas.

Um exemplo disso foi o povo indígena Pataxó, que foi obrigado a deixar a Aldeia Naô Xohã e estão vivendo em abrigos temporários em escolas da região. Segundo a liderança local, até hoje eles aguardam um novo terreno da mineradora para que possam retomar seus hábitos. Para chamar a atenção sobre a sua causa, os indígenas fecharam uma ferrovia de minério.

É importante lembrar que os deputados da Assembleia Legislativa de Minas Gerais deram um prazo de de três anos para que todas as barragens fossem esvaziadas e aterradas. O prazo termina em fevereiro, porém apenas sete das 54 barragens foram desativadas.

Com a morosidade na ação da Vale para a desativação das barragens e as fortes chuvas, no dia 19/01 o Ministério Público do Estado de Minas Gerais notificou a empresa sobre a necessidade de obras de emergência em 18 barragens, que se encontram em estado crítico, para evitar que novos transbordamentos e rompimentos aconteçam no próximo período.

Confira o vídeo com falas de representantes do Sind-REDE e do MAB

Reestatização da Vale

Os crimes socioambientais cometidos pela Vale e suas concessionárias, como os acontecidos em 2015, em Mariana, e em 2019, em Brumadinho, deixam claro que a privatização mata!

A gestão privada, que favorece o aumento do lucro dos acionistas em detrimento das obras de gestão ambiental, reparação e compensação de danos e desenvolvimento local, é a verdadeira razão das tragédias. Como uma empresa privada, a lógica adotada pela Vale é priorizar o lucro acima das vidas. Uma empresa estratégica, que poderia cumprir um papel importante para o desenvolvimento nacional e que tem uma atividade que causa tantos danos ao meio ambiente, não pode ser regida pela lógica do mercado.

Também é preciso lembrar que a mineradora foi vendida em 1997, durante o governo FHC, por cerca de R$3,3bi de reais. Mas uma avaliação de patrimônio da empresa indicava que ela valia mais de R$100bi. Ou seja, há fortes indícios que seu processo de privatização passa por ilegalidades, que visavam entregar este patrimônio do povo brasileiro à iniciativa privada.

Confira fotos do Ato

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