Nota de Repúdio aos ataques sofridos pelos Trabalhadores em Educação

Sind-REDE repudia os ataques sofridos pelos Trabalhadores em Educação que estão em Greve Sanitária desde a última segunda-feira.

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Diante da greve deflagrada pelos Trabalhadores em Educação da Rede Municipal de Belo Horizonte, políticos, apresentadores e jornalistas têm atacado e desrespeitado publicamente os trabalhadores em uma clara tentativa de manipular a opinião pública para que a população se volte contra categoria.

Não é a primeira vez que vereadores, deputados e representantes da grande mídia utilizam termos pejorativos e ofensivos para deslegitimar uma greve, a nossa organização sindical e o nosso trabalho. Nos últimos anos, foram sistemáticos os ataques da burguesia contra os Trabalhadores em Educação, a fim de facilitar a privatização, a aprovação de projetos de ensino domiciliar e de censura, como é o caso do Projeto Escola sem Partido.

Como legítima representante desse grupo, a vereadora Flávia Borja (AVANTE), vem dando declarações que mostram o motivo pelo qual se elegeu: exercer um mandato claramente contra a categoria da educação. Inicialmente se colocando como uma representante do que seria “moral”, vem realizando um patrulhamento ideológico nas escolas, mesmo fechadas, se utilizando da suposta prerrogativa do cargo para os ataques. Agora, se coloca contra os trabalhadores ao cobrar da Prefeitura punição aos grevistas. Ao parabenizar a Prefeitura pela “convocação” dos professores e exigir retaliação dos grevistas, a vereadora demonstra o profundo desrespeito com a categoria e imenso desprezo pela vida do povo pobre dessa cidade, uma vez que as taxas de transmissão, contaminação e mortes continuam subindo. Ao desconsiderar a natureza do trabalho docente, a vereadora não só menospreza a vida dos profissionais, mas naturaliza a morte de milhões de brasileiros pobres que agora morrem nas filas, aguardando leito.

Em entrevista recente, a Secretária de Educação de Belo Horizonte, ex-professora da UFMG Ângela Dalben, diz ser “a vez das crianças”. É no mínimo estranho uma ex-docente de uma importante universidade ir contra dados produzidos pela instituição para a qual dedicou anos de sua vida acadêmica. Pois, resultados de recente pesquisa realizada pela UFMG apontam que um só aluno infectado numa sala com 20, significaria a possibilidade de contaminação de outras 60 pessoas de seu círculo familiar em apenas 15 dias. Então, o que seria “a vez das crianças”? Seria uma aposta no que pode acontecer?

Nós não estamos dispostos a correr esse risco! Não estamos dispostos a contar com a sorte e esperar que mais pessoas sejam infectadas e mortas por esse vírus. Entramos em greve sanitária em defesa da vida! Não iremos trabalhar de forma presencial, mas continuaremos em trabalho remoto atendendo ao estudantes e voltaremos assim que os governos, tanto Bolsonaro, quanto Kalil, garantirem a vacinação de todos os trabalhadores. Bom senso é não apostar com a vida das pessoas!

Representantes de Bolsonaro, como o seu líder de governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP), também vêm atacando os professores. O deputado deu uma entrevista mentirosa para a CNN e ao ser questionado sobre o governo olhar com mais atenção para a Educação, disse que o Governo Federal tem garantido todas as condições para que o ensino remoto aconteça, que tem disponibilizado conectividade gratuita e, desrespeitando os professores e as Direções de Escola afirmou que não há a demanda por conectividade por parte das escolas, afirmando que “as Diretoras não entendem de informática e se pedir a conectividade vai perder a direção para outra professora que entenda mais dessa área”. Disse ainda que não há nenhuma razão pra o professor não estar dando aula, como se os professores e professoras não estivessem realizando o trabalho remoto, que é inclusive custeado pelos próprios profissionais. Alegou, de forma ainda mais desrespeitosa, que o professor não quer trabalhar e dentre outros absurdos, afirmou que o programa de conectividade existe, mas “as escolas, os professores não querem se modernizar, não querem se atualizar (…) já passou no concurso, está esperando se aposentar e não quer aprender mais nada”. Nessa e em outras declarações, Ricardo Barros coloca como absurda a luta dos professores, que segundo ele “são os únicos que não podem trabalhar na pandemia”. Enquanto finge desconhecer todo o trabalho construído em teletrabalho pela categoria, sem que qualquer governo tenha dado condições para isso, o deputado desvia a atenção sobre a responsabilidade do governo e de seu próprio mandato, que seria em primeiro lugar, a garantia da vacinação para a população e também acesso à saúde, assistência plena e o auxílio emergencial mínimo de 600 reais.

Todos esses ataques só reafirmam a falta de compromisso desses governos que ao não garantir a vacina para a população, com total descontrole sobre a pandemia, desviam deles mesmos a responsabilidade sobre a manutenção da vida, pautando um debate sobre a volta às aulas que depende das condições a serem construídas por eles mesmos. A vacinação ampla é condicionante para que os Trabalhadores em Educação voltem para as escolas. Só a imunização da população contra o vírus é capaz de garantir a segurança mínima necessária para que as escolas voltem a funcionar, mesmo que ainda em escala diferenciada.

É de responsabilidade dos profissionais de comunicação ouvir o contraditório e fomentar o debate livre de ideias entre as diferentes posições. Sabemos que a mídia não é isenta, mas exigimos que tenhamos também espaço nesses veículos de comunicação que hoje nos atacam. Exigimos que nossos direitos de resposta nos sejam dados nos mesmos espaços e formatos do que os destinados à Secretária de Educação e demais pessoas públicas que nos atacam e tentam desconstruir nossa luta!

Nossa greve é pela vida! Só a vacinação em massa da população poderá fazer com que seja possível um retorno seguro às aulas presencias, tanto para os trabalhadores em Educação, quanto para as crianças e suas famílias. Só a vacinação em massa, junto a um auxílio emergencial que dê condições das pessoas continuarem a se alimentar ao invés de ter que escolher entre morrer de fome ou de Covid é que poderá trazer um início de mudança na economia. É um grande desrespeito atacar o setor que, mesmo sem condições materiais, utilizando recursos próprios e enfrentando uma carga horária exaustiva de trabalho, tem garantido como pode o ensino remoto.

Enquanto alguns políticos e a mídia atacam os trabalhadores em educação o povo segue sem vacina, sem acesso a saúde e sem auxílio emergencial!

Greve sanitária é greve pela vida!