Trabalhadores em Educação divulgam Carta às Comunidades Escolares esclarecendo sobre a Greve Sanitária

O documento esclarece à Comunidade Escolar sobre a greve sanitária deflagrada após decisão da PBH/SMED pelo retorno às aulas presenciais sem o controle da pandemia e ampla vacinação.

CARTA ÀS COMUNIDADES ESCOLARES

Senhores(as) pais/mães/responsáveis,

Nós, Trabalhadores em Educação da Rede Pública Municipal de Ensino de Belo Horizonte, representados pelo Sind-REDE/BH, entendemos o quanto o fechamento das escolas afetou a vida das crianças, dos jovens, das famílias, mas houve um esforço das escolas para manter contato, mesmo sem o devido apoio estrutural da Prefeitura. É importante ressaltar que não podemos desconsiderar o fato de que uma grave pandemia nos assola de forma avassaladora. Ao contrário do que a Prefeitura vem afirmando, contradizendo inclusive o discurso que defendeu ao longo dos últimos meses, as escolas não são lugares seguros nesse momento.

A escola é um espaço de muito contato e, para que haja um retorno seguro, é preciso ter o controle do índice de contaminação da pandemia. De acordo com o Comitê de Combate à Covid-19 em Belo Horizonte, este índice seria de no máximo 20 novos contaminados para cada 100.000 habitantes, mas já ultrapassou os 406 para cada 100.000. Além disso, os leitos de UTI seguem próximos de sua ocupação máxima, assim como as enfermarias dos hospitais. O aumento da circulação do vírus e dos índices de contaminação na cidade, podem levar ao colapso do Sistema Único de Saúde – SUS. Crianças também se contaminam, transmitem o vírus e adoecem, portanto, seria um atentado contra a vida, submetê-las ao retorno presencial neste momento.

Muitos setores, como o Sindicato dos Donos de Escolas Particulares, e alguns vereadores têm exigido o retorno às aulas sem consultar as Escolas, as Comunidades Escolares, os Trabalhadores da Educação.  Apesar de todos os nossos esforços em dialogar, a Prefeitura de Belo Horizonte decretou, de forma unilateral, o retorno às aulas presenciais, que ocorreu a partir do dia 03 de maio. Para conseguirmos chegar no índice apontado pelos técnicos, a campanha de vacinação precisa ser bastante ampliada, o que ainda não aconteceu. Além disso, as escolas precisam estar preparadas fisicamente para receber os estudantes, com ambientes internos mais ventilados, espaços abertos adaptados para o uso das crianças, pias e banheiros suficientes para manter a higiene sem aglomeração, assim como as cantinas e, dentre diversas outras medidas que ainda não saíram do papel, é imprescindível que haja garantia de material de higienização e de EPI’s para estudantes e trabalhadores. Hoje essas condições não existem ou são insuficientes.

Nossa luta agora deve ser pela testagem e vacina para todos, pela estrutura necessária para que possamos alcançar nossos estudantes por meio do ensino remoto e por mais investimento em Educação! Junto a isso os governos devem garantir o auxílio emergencial, o socorro aos micro e pequenos empresários, a cesta básica, o auxílio gás e o acompanhamento social das famílias, através de uma ação combinada da Educação, Assistência Social e Saúde.

Estamos em greve sanitária pela vida! Não podemos arriscar a vida das crianças, dos seus familiares e dos trabalhadores em educação. Nos ajudem a exigir da Prefeitura de Belo Horizonte condições para que o ensino remoto possa acontecer de forma mais efetiva e que a vida dos estudantes, dos familiares e dos trabalhadores em educação esteja em primeiro lugar.

Greve Sanitária, Pela Vida da Comunidade Escolar!

Aulas se recuperam! Vidas não!

Trabalhadores em Educação da Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte em Greve Sanitária