Trabalhadores da educação infantil de Belo Horizonte aprovam continuidade de greve sanitária

Matéria originalmente publicada no site da CSP-Conlutas

Foto: Flávia Cristini / TV Globo

Os trabalhadores em Educação da Rede Municipal de Belo Horizonte (MG) aprovaram em assembleia nesta terça-feira (18) a continuidade da greve sanitária na área infantil para impedir o retorno presencial enquanto não houver vacina.

Novas ações marcam a manutenção da paralisação como um ato nesta quinta (20) no qual serão homenageados(as) os(as) trabalhadores(as) da categoria que morreram por coronavírus e um dossiê está sendo finalizado para dar entrada no MPT-MG (Ministério Público do Trabalho) em que são apontadas a falta de condições das escolas para o retorno às aulas.

Também foi aprovado na assembleia realizada na terça-feira que assim como já fizeram os professores da rede estadual e privada, o Sind-Rede entrará com ação judicial para impedir o retorno às aulas enquanto não houver vacina.

Um ato público na última sexta-feira (14/05), em defesa da manutenção do ensino remoto e atendimento às famílias e contra os ataques da Prefeitura aos grevistas como o corte de ponto, das dobras e excedências. Durante o protesto, os participantes utilizaram faixas para chamar atenção para as pautas do movimento, respeitando o distanciamento entre as pessoas para evitar aglomerações, o uso de máscaras também foi obrigatório.

Os trabalhadores denunciam que estão sendo impedidos pela Secretaria de Educação de manter contato com as famílias, o que prejudica todo o atendimento remoto, já que mais de 70% das crianças não aderiram ao retorno presencial; grevistas estão sendo substituídos por outros contratos; atestados de pessoas que sofrem sequelas após a covid-19 estão sendo indeferidos e terceirizados com comorbidades estão sendo obrigados a trabalhar.

“Além disso, se negam a negociar com o Sindicato, ameaçam com o corte de salários e a não reposição dos dias parados”, denuncia a dirigente do Sind-Rede Evangely Rodrigues.

Apesar do decreto de retorno às aulas, poucas famílias estão enviando as crianças para as escolas com medo de contrair o vírus. “Grupos que deveriam ter onze alunos estão com um apenas, e essa aula presencial sem alunos impede que as professoras grevistas façam o atendimento virtual também”, salienta Evangely.

A solidariedade fortalece a luta dos professores. Grupo de pais denunciam a situação e cobram da Prefeitura, entidades sindicais e movimentos, alguns parlamentares e o Conselho Tutelar também se pronunciam contra abertura das escolas.

A dirigente da Sind-Rede responsabiliza o prefeito Alexandre Kalil pela situação que a categoria enfrenta. “Ainda temos 80% dos leitos ocupados em Belo Horizonte, há alta contaminação em pessoas de 40 a 59 anos, a vacinação é lenta. Isto é um absurdo, a obrigação da volta às aulas presenciais é imputar o dilema de morrer de fome, com medo de perder o emprego, ou o risco de morrer de covid-19, ao se expor e contrair a doença. É um crime e não vamos aceitar!”, afirma indignada.

Há pelo menos denúncias de 13 escolas com adoecimento pelo vírus na capital mineira.

A greve sanitária teve início em 26/04.


Matéria originalmente publicada no site da CSP-Conlutas