Primeiro dia do XIV Congresso da Rede é marcado por saudações e debate sobre Conjuntura

Organizações políticas da cidade ressaltaram a importância do Sind-REDE no movimento


Foi dada a largada do XIV Congresso da Rede. A abertura aconteceu nesta quarta-feira (16/11), às 18h, na sede do Sind-REDE/BH (Av. Amazonas, 491 – Sala 1009), e já apresentou os primeiros debates que devem permear todo o Congresso.

Antes mesmo da mesa de Análise de Conjuntura, o Congresso recebeu a saudação de forças políticas, parlamentares e ativistas, que ressaltaram a importância de sindicatos como o Sind-REDE/BH que tem a independência de classe como um principio inegociável. Também foi lembrado por todos os participantes que o Sind-REDE/BH é um sindicato parceiro das lutas, com que se pode contar em todos os movimentos em defesa da educação, do serviço público e dos direitos dos trabalhadores. Além das questões relacionadas aos movimentos sociais e sindicais, muitos discursos se voltaram para o genocídio promovido pelo estado sionista de Israel contra o povo palestino.

A vereadora Iza Lourença (Psol) parabenizou o Congresso e fez um chamado à categoria para unificar as forças de esquerda para enfrentar a extrema direita nas eleições municipais que se aproximam. Fabio Bezerra (PCB) elogiou a postura sempre independente e combativa do Sind-REDE/BH, João Paulo (UP) reforçou o chamado a unidade, mas destacou que esse deve acontecer principalmente nas ruas e nas lutas, o deputado federal Rogério Correia (PT), destacou a importância de continuar enfrentando o Bolsonarismo, que apesar de ter perdido a eleição de 2022, permanece forte e organizado. Thalles Graciano (PCB/RR) reforçou as falas anteriores e exaltou a postura do Sindicato de estar presente em todas as principais lutas da cidade, Geraldo Batata (PSTU) referenciou o Sind-REDE/BH como um sindicato classista e da importância dessa ferramenta no enfrentamento do capitalismo, que em suma representa toda a destruição da humanidade, seja pelos bombardeios em Gaza e na Ucrânia, ou pela crise climática, o aumento do desemprego e da miséria. Vanderleia Reis (Psol) elogiou o tema do Congresso, afirmando que o Sind-REDE é um sindicato que tem uma visão Freiriana da educação. Beatriz Saraiva (Ames-BH) pontuou que o Sind-REDE é parceiro dos estudantes na luta pela educação e que junto com a juventude esteve na vanguarda da luta contra o escola sem partido, para ela “a unidade da juventude com os trabalhadores transforma o mundo”. O mandato do vereador Bruno Pedralva (PT) também esteve presente através de seu assessor político que ressaltou a importância da luta pela educação e pelo serviço público municipal. Por fim, Rosmary Aguayo, do Comitê de Apoio ao Povo Palestino fez um chamado para que as pessoas participem dos atos e pressionem os governantes para que rompam relações comerciais, militares e políticas com Israel.

Painel de Conjuntura

Os mais de 120 delegados presentes no auditório do Sindicato também ouviram representantes das Centrais Sindicais, que realizaram uma exposição completa sobre a conjuntura internacional, nacional, estadual e municipal. A mesa contou com a presença de Paulo Henrique (CUT), Valéria Morato (CTB) e Vanessa Portugal (CSP-Conlutas).

CUT

Paulo Henrique destacou a volta do Brasil ao cenário internacional, através do fortalecimento dos Brics e das intervenções diplomaticas na ONU, com destaque para atuação do país na tentativa de resolução dos conflitos. Para Paulo Henrique, as guerras são uma forma de disputa hegemonica, pois enfraquecem o multilateralismo e fortalecem a influencia dos países imperialistas, “principalmente os EUA e seus vassalos europeus”.

Paulo também destacou que a eleição de 2022 foi muito disputada no país e que ainda convivemos em um cenário em que a extrema direita ainda está muito forte. Ele lembrou que muito do que foi destruído no governo Bolsonaro ainda terá consequencias nos próximos anos, como o caos ambiental que estamos vivendo. Ele também lembrou a necessidade de defender a democracia, relembrando que o golpe de 2016, levou diretamente a aprovação de ataques aos direitos dos trabalhadores como a PEC do Teto de gastos e a reforma da Previdência. E ressaltou a necessidade de abaixar mais a taxa de juros para recuperar o pleno emprego. Além da necessidade de avançar mais em pautas como a reforma tributária, que precisa inverter a lógica de tributação do consumo e passar a taxar mais o lucro e a renda para, com isso, o país ter mais políticas de distribuição de renda.

Paulo também falou dos ataques aos sindicatos, com o fim do imposto sindical sem contrapartida, que tirou de uma vez o financiamento de vários sindicatos, além da aplicação de multas milhonárias por fazer greve, como aconteceu com o Sind-UTE/MG. Por fim, Paulo criticou o Regime de Recuperação Fiscal de Zema, mas provocou um movimento inédito de uma greve unificada do funcionalismo estadual.

CTB

Valéria Morato iniciou sua analise identificando que o mundo passa por uma transição geopolítica, com o fortalecimento da China e de blocos econômicos como os Brics. E que isso provoca a reação do imperialismo, que se movimenta para não perder poder.

Ela identifica a ascensão da extrema direita no mundo como um fenomeno dessa reação. No mundo, isso se mostra com a corrida armamentista e com o risco de uma nova guerra mundial. No Brasil, a derrota de Bolsonaro nas eleições também não acaba com a extrema direita, que mostra resiliencia em sua reorganização.

Valéria fez uma saudação aos movimentos de solidariedade ao povo palestino, mas ponderou que as guerras, fruto da corrida armamentista, não podem invisibilizar questões que acontecem no nosso cotidiano, como o genocídio que acontece nas favelas e no campo.

Ela destacou alguns pontos de avanço do novo governo, como a derrotamos a política negacionista na saúde e a paralisação das privatizações em nível federal. Afirmando que “não dá pra colocar todos governantes no mesmo balaio, pois isso despolitiza o debate”.

CSP-Conlutas

Vanessa Portugal iniciou sua fala afirmando que “não existe análise conjuntural que não envolva o mundo, pois o Brasil não conheceu um projeto de nação próprio, que não estivesse atrelado ao projeto mundial”. Segundo ela, a implementação das políticas neoliberalais fazem parte de um projeto de ordem mundial, que envolve a privatização das estatais, desregulamentação do trabalho, destruição dos serviços público, desoneração dos mais ricos, sobrecarregando de impostos os trabalhadores. E o contraditorio aumento do estado pra transferir recursos para as grandes empresas privadas. “Nós vimos isso de forma mais radical na crise de 2008, quando os estados injetaram bilhões nos bancos”, afirmou.

Para Vanessa, a desigualdade na velocidade que a crise economica chegou em cada país tem a ver com o desenvolvimento de suas forças produtivas, que por sua vez, foram fruto da luta da classe trabalhadora. Se o Brasil teve uma posição mais confortável, isso tem a ver com um processo de redemocratização que aconteceu a partir de muitas lutas. Greves que se unificavam e que levaram a fundação da CUT, do PT e posteriormente de outros sindicatos e partidos de esquerda.

Vanessa ponderou que a crise do capitalismo não significa que ele está acabando. Mas sim que a classe dominante vai implementar cada vez mais ataques contra os trabalhadores. Aumentam a desregulamentação do trabalho, o ataque aos direitos como a previdência e as guerras. Vanessa pontuou que a Palestina como o exemplo mais brutal, “porque nós estamos vendo, pela primeira vez, o extermínio completo de um povo em seu território, de forma que, talvez, só na segunda guerra mundial tenha acontecido”. Mas ela também destacou que o povo não é seu governante, e que na Guerra da Ucrânia, Putin tem ocupado terrotórios e ameaçado a autodeterminação do povo ucraniano.

Vanessa também lembrou que o genocídio contra a juventude negra é constante no Brasil, que diariamente agentes do estado exterminam dezenas de vidas no país e que isso também faz parte de um projeto. Que por mais que hajam diferenças entre os governos, a diferença muitas vezes é de quem manda matar ou de quem é conivente com os assassinatos. “Representantes do estado capitalista matam. Tem os que matam mais, mas todos matam, porque governam em aliança com representantes da burguesia nacional e internacional que lucram com todas essas mortes”.

Vanessa afirmou que o Brasil viveu um processo de industrialização avançado para a America Latina, mas que esse projeto travou nos anos 90. Segundo a sindicalista, isso aconteceu porque a divisão internacional do trabalho colocou o Brasil como um país exportador de comodites. E que contraditoriamente, o processo de edemocratização do país veio junto com o aumento da privatização, da precarização do trabalho, desregulamentação das leis trabalhistas. Pois as privatizações avançaram em todos os governos. Não da mesma forma, alguns fizeram de forma mais agressiva, como FHC, Zema e Bolsonaro, outros fizeram através de PPPs, concessões, terceirizações e transferência de recursos para ONGs e OSCs.

Vanessa concordou que é preciso unidade pra derrotar a extrema direita, mas alertou que não a ponto de rebaixar as pautas da classe trabalhadora. Vanessa afirmou que não dá pra denfender um governo quando ele nos ataca, porque isso também fortalece a extrema direita.

Por fim, ao falar de Educação, a representante da CSP-Conlutas criticou a gestão do MEC, que tem uma marca privatista e que precisa ser derrotada.