Mais do que tudo, buscamos respeito e valorização!

Queremos construir condições para que as escolas possam ser reabertas, mas maquiagem para uma volta às pressas não nos convence. Nós, trabalhadores das escolas é que conhecemos na prática a realidade dentro delas.

Nas últimas semanas fomos procurados por várias professoras com a denúncia de que em algumas escolas seus armários haviam sido abertos e os materiais pedagógicos amontoados como lixo. Materiais que foram construídos com muito esforço, adquiridos com recurso público e, às vezes, pagos pelas próprias trabalhadoras. Agora as professoras estão sendo chamadas às pressas para esvaziarem os armários para preparar as escolas, em especial, as EMEIs e Escolas com turmas de Educação Infantil, para um possível retorno ou para acelerar a maquiagem para uma possível visita da Câmara Municipal.

Não somos contra preparar os espaços e muitos menos que os materiais sejam retirados das salas e guardados em local onde os estudantes não frequentem no momento em que o retorno for possível. O ultimato é que nos indigna. Mais essa demonstração da completa falta de respeito com o trabalho do profissional da Educação é que mais uma vez nos faz reagir.

A pressa na reabertura das escolas, mesmo que os fatos mostrem o risco que isso representa, sem que haja o controle da pandemia é que faz com que uma sequência de absurdos aconteça. Voltamos a afirmar, queremos construir condições para que as escolas possam ser reabertas, mas maquiagem não nos convence. Convence a alguns vereadores que realizam visitas às escolas e que querem enxergar tudo perfeito, mas não a nós que conhecemos a realidade.

Mesmo que as condições fossem ideais, mesmo que tivéssemos o número adequado de trabalhadores para atender as crianças e adolescentes, mesmo que os prédios tivessem espaços abertos, ventilados, ideais para garantir a convivência saudável dentro das escolas não seria possível impedir o contato entre elas, a troca de materiais, a ausência de contato com os adultos responsáveis por elas e garantir a correta higienização das mãos e das roupas, o uso correto dos sanitários e a forma correta de alimentação. Claro, podemos garantir em parte, mas nosso percentual de sucesso nestes procedimentos apenas seria aceitável com o controle da pandemia, o que está longe de acontecer. Exigimos a ampliação da vacinação porque achamos que sem isso não conseguiremos controlar a pandemia, aliás, esta parece ser a conclusão óbvia quando analisamos os fatos.

Somos mais do que solidários com os responsáveis pelas nossas crianças, é urgente que o auxílio emergencial seja retomado, que políticas de segurança alimentar sejam ampliadas, que haja auxílio financeiro para o cuidado, que uma rede de proteção à criança e adolescente seja de fato efetivada em uma ação conjunta da assistência social, educação, saúde; que haja a inclusão digital.

Nada disso substitui a escola temos certeza, mas uma escola de risco, uma escola do medo, uma escola por poucas horas de tensão e que vá ampliar o risco de contaminação e morte das crianças e suas famílias, não é razoável.

Não culpem os trabalhadores em educação pelas escolas fechadas, culpem os governos que não se movem, culpem os parlamentares que não buscam saídas para o controle da pandemia, pelo contrário, minimizam o impacto do vírus e da morte de mais de 2.000 pessoas diariamente no país.