O primeiro mês de volta às aulas em Belo Horizonte foi marcado pela crise sanitária, provocada pela epidemia de dengue e aumento significativo dos casos de Covid-19 e gripe.
Essas doenças têm gerado uma série de afastamento de trabalhadores, que têm se desdobrado em uma verdadeira crise educacional, pois o grande número de licenças, em um quadro já muito enxuto, tem deixado diversas salas de aulas vazias, sobrecarregado os professores em atividade (o que gera mais adoecimentos) e impossibilitado os alunos ao acesso à educação.
O Sind-REDE/BH tem recebido denúncias de que, em algumas escolas, o número de faltantes chegam a 5 ou 6 em único turno. Os educadores são um grupo especialmente afetado por doenças infectocontagiosas, devido às características do próprio trabalho. O grande número de estudantes em sala de aula e o contato próximo aos alunos, faz com que estes trabalhadores estejam mais sujeitos a infecções.
Junto a isso, a cobertura vacinal seja para gripe e covid-19, que tem vacinação por livre demanda ou mesmo para dengue, cuja vacinação é exclusiva para crianças de 10 a 14 anos, ainda estão longe de atingir toda a população.
Diante de um situação tão drástica, é impressionante que não haja qualquer medida efetiva por parte da Secretaria Municipal de Educação (SMED) para minimizar os danos de tantas ausências. A SMED deveria ser uma aliada da saúde individual e coletiva, com políticas que incentivem a vacinação e combatam o negacionismo que, durante o período mais agudo da Covid-19, levou a óbito mais de meio milhão de brasileiros — ainda hoje, segue fazendo novas vítimas. Contra a dengue é preciso manter a regularidade dos mutirões de limpeza e combate ao mosquito e a disponibilização de repelentes à toda a comunidade.
Para além disso, o Sind-REDE/BH reforça a necessidade de aumentar o quadro das escolas, passando o quantificador de professores de 1.6 para 2.0, o que significaria na prática, dois professores por turma. Pois só mais trabalhadores em cada unidade escolar poderá minimizar os danos causados pela sobrecarga de trabalho gerada pelas ausências e afastamentos médicos.
Há anos o Sind-REDE/BH vem denunciando que o quadro das escolas é insuficiente até para o cumprimento das demandas do dia a dia e a situação fica ainda mais evidente em tempos de epidemias e surtos de doenças infectocontagiosas. Para isso, é preciso convocar mais professores já aprovados nos concursos e a realização de novos concursos com urgência, para que haja reposição do quadro em momentos como esse. É urgente também a ampliação da vacinação contra a dengue a toda a população assim como promover medidas capazes de evitar a doença.