Um ano de luta pela vida e resistência aos ataques dos governos à classe trabalhadora

Mesmo diante das dificuldades, a classe trabalhadora seguiu em luta pela ampla vacinação, contra a retirada de direitos e resistindo aos ataques. Sabemos que 2022 não será um ano fácil, mas temos a certeza de que o conjunto dos trabalhadores continuarão firmes nas diversas lutas que nos esperam.

Mais um ano de pandemia, mais um ano de muita dificuldade e luta. O que não parecia possível após um traumático 2020 aconteceu. Em 2021, com agravamento da pandemia, o aumento da fome, da miséria, do desemprego, as violações de direitos, especialmente dos mais vulneráveis, a destruição da Amazônia e outros biomas, além todas as atrocidades e ataques sofridos pela classe trabalhadora se tornaram rotina no governo genocida de Jair Bolsonaro. Tudo isso num momento em que, isolada e com medo a população teve dificuldades para tomar as ruas.
Em 2021 ultrapassamos a triste marca de 600 mil mortos e, apesar de ter iniciado o ano com a descoberta da vacina para a Covid-19, o negacionismo do presidente e seus seguidores foi e segue sendo uma grande barreira para superação da pandemia.

Mesmo diante de todas as dificuldades, a classe trabalhadora seguiu em luta pela ampla vacinação, contra a retirada de direitos e principalmente, pelo Fora Bolsonaro e Mourão. Inicialmente, ainda intimidada pela pandemia, as manifestações se concentraram nas redes sociais, seguidas de carreatas, pequenos atos para só depois voltarem as ruas, seguindo todos os protocolos para evitar a disseminação da Covid.

Em Belo Horizonte travamos diversas batalhas, dentre elas, talvez uma das mais importantes já vivenciadas pela categoria, a luta pela vida. Em março, após ser convocada para o retorno ao trabalho presencial, a Educação Infantil iniciou uma greve muito difícil que, apesar de todos os percalços e ataques praticados pelo prefeito Alexandre Kalil e pela secretária de Educação Ângela Dalben, com cortes de salário e outras punições, resultou na antecipação da vacinação para toda categoria de professores das redes pública e privada.

Vivenciamos uma tentativa clara de destruição da organização histórica da categoria, tanto no local de trabalho, quanto para as nossas lutas. A Secretaria de Educação com seu claro plano de redução do quadro de trabalhadores, eliminação dos poucos espaços de debate que ainda temos nas escolas, atacou a gestão democrática apoiando a perpetuação do poder nas direções de escola.

Não podemos deixar de registrar um ataque histórico a nossa organização sindical – o corte de ponto, sem possibilidade de reposição, trata- se de um ataque autoritário e antidemocrático brutal, sem precedentes.

Entre os trabalhadores terceirizados também vivenciamos ataques e resistência. Mais uma vez impedimos as demissões em massa, mas o achatamento salarial, o aumento da sobrecarga de trabalho e do assédio moral foi um elemento forte que reforça a natureza deste governo. Por tudo isso, não podemos minimizar a importância da resistência da categoria e sua capacidade organizativa.

Em 29 de maio, mesmo passando por um duro período da pandemia, a população brasileira reagiu com indignação contra um governo que trabalhou em função da morte, ajudando a espalhar o vírus e atrasando a vacinação. Foi o primeiro de muitos outros protestos que tomaram as ruas de todo o país pelo Fora Bolsonaro.

Em nossas bases continuamos realizando diversos encontros virtuais, para estudar e debater importantes temáticas e pautas da categoria. No centro de nossos debates e formações estiveram temas como o retorno presencial, protocolos de segurança, gestão democrática, Reforma Administrativa, Fundeb, dentre outros. Realizamos inúmeras assembleias, algumas delas com a participação de mais de 2 mil trabalhadores e trabalhadoras.

Ao longo do ano, cumprindo os protocolos e mesmo com toda a dificuldade imposta pela pandemia, a categoria e a classe trabalhadora seguiu lutando, pois como se fosse pouco passar por esse momento com toda a negligência do governo em buscar soluções, durante todo o ano tivemos de enfrentar uma série de políticas de desmonte do serviço público e contra os servidores como a PEC 32 (Reforma Administrativa), a PEC 23 (PEC do Calote), a Reforma Tributária, além de constantes tentativas de privatizar importantes empresas como a Eletrobrás e os Correios.

A luta contra a Reforma Administrativa e contra o desmonte dos serviços públicos iniciou uma nova etapa a partir de agosto, reunindo servidores, sindicatos, federações e centrais sindicais de todo o Brasil em manifestações em Brasília. O Sind-REDE esteve presente nas mobilizações nos aeroportos, na saída e chegada dos senadores e deputados e na esplanada dos ministérios que aconteceram semanalmente até dezembro e têm previsão de continuar em 2022 até a derrota desse projeto.

Chegamos ao final de 2021 com o maior nível de desemprego de todos os tempos, mais da metade da população em insegurança alimentar e níveis de desigualdade social como há muito tempo não se via.

Sabemos que 2022 não será um ano fácil, mas temos a certeza de que nossa categoria e a classe trabalhadora desse país seguirá reivindicando e na linha de frente das diversas lutas que nos esperam.

Basta de retirada de direitos e precarização das relações de trabalho! Que a luta contra os retrocessos possa ser transformada em luta por avanços nos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras!

Que 2022, com o povo nas ruas, volte a ser um ano de conquistas!