Solidariedade, protesto e luta

2022 não começa bem no Brasil e em Minas Gerais.

O ano de 2022 iniciou com uma enorme calamidade provocada pelas chuvas, não que isso seja uma novidade, mas a proporção alcançada neste janeiro, não havíamos visto ainda.

A CSP-Conlutas e o Sind-REDE/BH se somam a imensa Rede de solidariedade criada no estado e solicitamos a todos que puderem que realizem doações.

Material de higiene, incluindo absorventes, fraldas descartáveis, alimentos não perecíveis, roupas em bom estado e limpas, ou contribuição financeira via pix: sindrede.financeiro@gmail.com.

As contribuições de materiais podem ser entregues na sede do sindicato de 9h às 17h.

As doações e contribuições serão parte da rede de atendimento formada pela CSP-Conlutas e pelo grupo S.O.S Minas.

Sem dúvida alguma a solidariedade é fundamental neste momento, mas é imprescindível que façamos uma reflexão sobre os motivos que nos levaram a essa trágica situação: enchentes, 145 municípios em situação de emergência, cidades isoladas, mais de 17.000 desalojados ou desabrigados, estradas interditadas por desabamentos de barrancos, 29 mortos (dados da defesa civil), transbordamentos e/ou rupturas de barragens.

O altíssimo volume de chuvas, o maior em 30 anos de acordo com especialistas, é sem dúvida nenhuma um elemento que por si só acarretaria sérios problemas, mas não chegaria próximo à gravidade do que está acontecendo se não fosse a interferência desastrosa da ação humana. Um modelo de mineração absolutamente predatório, um dos mais atrasados do mundo, que gera assoreamento dos rios, transbordamentos, rupturas de barragens, retira a cobertura verde do solo agrava e muito, a situação no estado. Acrescido a isso está a ausência de um planejamento racional do crescimento das cidades, a completa insuficiência de políticas de construção de moradias populares, a ausência de manutenção das áreas verdes, a falta de monitoramento geológico, empreendimentos imobiliários e turísticos predatórios, o aumento excessivo da emissão de carbono na atmosfera, o desmatamento. É enorme a lista de ações humanas predatórias que já há algum tempo vêm gerando sérias alterações climáticas, a qual se soma a falta de organização dos espaços ocupados pelas pessoas que levaram a mais essa tragédia criminosa.

Não é possível que adiemos mais o debate sobre essas questões.

É escandaloso que Zema balance os ombros e diga que a culpa é das chuvas, ou que ataque ambientalistas. É escandaloso, mas não surpreende, afinal este é um governo que sempre admitiu que a vida está submetida ao lucro.

Neste momento temos de fazer uma lista de exigências emergenciais aos governantes, em especial a Zema e Bolsonaro, mas isto não basta, é preciso uma luta pela mudança na forma de exploração econômica do estado e do país. Sabemos que os problemas não começam com Zema e Bolsonaro, embora se agravem em seus governos.

Zema e Bolsonaro precisam garantir recursos para o atendimento às vítimas, recuperação das cidades e das estradas.

Os recursos não podem ser mais uma vez retirados do bolso dos trabalhadores, arrochando os serviços e servidores públicos.

É preciso suspender a atuação das mineradoras imediatamente e caçar o licenciamento, pelo menos das que não garantirem a manutenção das barragens.

É preciso que seja votado um fundo emergencial com cobrança das mineradoras e outros empreendimentos predatórios para reparação dos desastres provocados.

Todos os desalojados e desabrigados precisam ser realocados em casas, hotéis e pousadas alugadas. Os alojamentos em quadras e escolas não são aceitáveis, em especial, neste momento de alta contaminação e transmissão do COVID-19 e da gripe influenza.

Mas, para além disso, temos de rever o modelo de mineração em Minas, refazer toda a legislação ambiental, e ter efetivamente medidas de regulação do crescimento urbano e programas de construção de moradias populares. E essa luta independe de quem esteja governando o país, o estado ou as cidades a partir de 2023.

A solidariedade é um valor do qual não podemos abrir mão, mas uma solidariedade ativa, ajudar a quem precisa e atuar coletivamente para mudar a situação de nossa classe.

Diretoria Colegiada do Sind-REDE/BH