Sind-REDE convoca panelaço às 20h30, durante o pronunciamento de Bolsonaro na TV

Protesto unirá críticas contra a forma como o governo está gerenciando e contra o aniversário de 56 anos do golpe militar.

Entidades sindicais, movimentos sociais e partidos de oposição convocam um grande barulhaço contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que fará um novo pronunciamento na cadeia nacional de rádio e de televisão nesta terça-feira (31), às 20h30. Segundo a assessoria de comunicação da presidência o pronunciamento terá a duração de oito minutos.

Há 14 dias seguidos, Bolsonaro vem sendo alvo de panelaços diários em várias capitais e cidades do país. Muitos deles acontecem de forma espontânea, outros são convocados por movimentos sociais. As maiores manifestações aconteceram durante os pronunciamentos do presidente, como ocorreu na última terça-feira (24), quando Bolsonaro defendeu o fim do isolamento social horizontal e chamou a pandemia do novo coronavírus de “gripizinha” e “resfriadinho”.

O panelaço desta terça-feira tem um peso ainda maior, por ser aniversário de 56 anos do golpe militar brasileiro. A data foi comemorada pelo vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), em sua conta pessoal do twitter. Tal atitude pode ser enquadrada como crime de responsabilidade.

A CSP-Conlutas e o Sind-REDE/BH convocam toda a sua base para participar do panelaço, para gritar “Ditadura Nunca Mais!” e exigir quarentena geral no país para combater o coronavírus; em defesa dos empregos e direitos. Além de exigir “Fora Bolsonaro e Mourão”, que vêm agindo de forma criminosa e colocando em risco a vida de milhões de brasileiros.

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Bolsonaro vai mentir mais uma vez para a população

Segundo informações divulgadas pelo Palácio da Alvorada, Bolsonaro deve utilizar um trecho da fala do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, para sustentar a sua versão de que “é necessário voltar ao trabalho” e deixar a quarentena. Na tentativa de sustentar que o seu discurso sempre esteve certo, Bolsonaro vai tirar a fala Tedros do contexto, omitindo parte do que foi dito.

O diretor disse que havia externado preocupação com as pessoas isoladas em lugares mais pobres do mundo e que necessitavam trabalhar em meio a essa crise para sobreviver, mas cobrou dos governantes que adotem medidas para garantir a renda dessa população mais vulnerável em meio ao surto da doença. Aliados do governo já estão divulgando uma versão editada da entrevista, de Tedros na segunda-feira, em que não aparecem nem as referências diretas à defesa das medidas de isolamento, nem os trechos em que o diretor-geral cobra dos países medidas para assegurar renda à população carente.

Após saber que sua fala pode ser utilizadas, Tedros foi ao Twitter para reafirmar a sua posição e da OMS, de que é necessário o isolamento para frear a propagação da doença.