Sete em cada dez feminicídios são de mulheres negras. É urgente a luta contra a violência machista e racista!

Dados de pesquisa são divulgados às vésperas do Dia Nacional de Luta contra a Violência às Mulheres

Sexta-feira, 25 de novembro, é o Dia Internacional Pela Eliminação da Violência contra as Mulheres. Às vésperas da data, pesquisa divulgada nesta terça-feira (21) revela a gravidade da situação enfrentada pelas mulheres no Brasil e a urgência de fortalecer a luta contra a violência machista e racista no país.

Segundo levantamento feito pelo Instituto Igarapé, entre os anos 2000 e 2020, mulheres representaram 32% dos assassinatos dentro de casa, enquanto que a proporção entre homens foi de 14%. Chama a atenção o recorte dessa situação: as mulheres negras são as principais vítimas.  Elas representam 67% dos casos de feminicídio. As mulheres brancas representam 29,5% dos casos e as indígenas 1%.

Os números mostram a escalada dessa violência que combina machismo e racismo. Enquanto o feminicídio de mulheres brancas recuou 33% no período, o assassinato de pretas e pardas aumentou em 45%. Os dados foram obtidos do sistema DATASUS, do Ministério da Saúde.

Em 2020, no total, 3.822 mulheres foram assassinadas no país, um aumento de 10% em relação ao ano anterior. A maioria das mulheres assassinadas está na faixa etária de 15 a 29 anos (41%) e 30 a 44 anos (33%).

Metade das vítimas foi assassinada com armas de fogo, um aumento de 5,7% em relação aos registros de 2019. Na sequência aparecem os objetos cortantes em 26% dos casos, força corporal 9%, objetos contundentes 6% e produtos químicos 3%.

Outros tipos de violência

Os dados do Igarapé apontam que as mulheres seguem sendo a principal vítima de todos os tipos de violência. Segundo levantamento com base em dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), em 2020, elas foram as vítimas em 89% dos casos de violência sexual; 84% dos casos de violência psicológica; 83% dos casos de violência patrimonial; e 69% dos casos de violência física.

Em 2020, 228 mil mulheres foram vítimas de violência, sendo que a maior parte delas violência física (56%), sexual (15%) e patrimonial (2%). Embora as mulheres entre 15 e 29 anos concentrem 38% das vítimas de todos os tipos de violência, meninas de zero a 14 anos correspondem a 58% das vítimas de violência sexual.

21 dias de ativismo contra a violência às mulheres

O dia 25 de novembro integra o calendário da Campanha 21 dias de Ativismo contra a Violência às Mulheres, promovida pela ONU, movimentos de mulheres e de luta contra as opressões em todo o mundo.

A data foi criada em homenagem às irmãs Mirabal, três mulheres da República Dominicana que foram assassinadas, em 1960, por lutar contra o governo ditatorial de Rafael Trujillo.

“O dia 25 de novembro é mais uma data para chamarmos a atenção para a grave situação de violência machista, que no caso das mulheres negras se agrava ainda mais com o componente do racismo. Uma situação que se agrava ao mesmo tempo em que a crise capitalista se aprofunda, e que em quatros anos de governo de ultradireita de Bolsonaro piorou ainda mais”, avalia a integrante do Movimento Mulheres em Luta e da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Marcela Azevedo.

“No último dia 30, derrotamos Bolsonaro nas urnas, mas estamos longe de derrotar todo o racismo, machismo e violência. Seja porque a ultradireita segue no comando em vários governos, no Congresso, na sociedade em geral; ou porque enquanto houver capitalismo, as opressões contra mulheres, negros, lgbts e imigrantes seguirão sendo utilizadas para dividir a classe trabalhadora e nos explorar”, afirmou.

“Precisaremos de muita luta para enfrentarmos os desafios do próximo período. Mesmo com a expectativa construída em torno da chapa Lula-Alckmin para derrotar Bolsonaro, não podemos nos iludir, pois sabemos que a conciliação com a burguesia nunca garantiu benefícios para o povo pobre e trabalhador. Precisamos de independência de classe para preparar as lutas por nossas reivindicações e por uma sociedade sem opressão e sem exploração, uma sociedade socialista”, concluiu Marcela.

Fonte: CSP ConLutas