Segundo reportagem realizada pelo jornal o Estado de Minas, os trabalhadores da limpeza como faxineiros, garis e auxiliares de limpeza representam 62% de toda a população que já foi internada em consequência da Covid-19, na região metropolitana de Belo Horizonte. Se somarmos a este contingente os trabalhadores diaristas e nos trabalhos domésticos, o número chega a 69%.
O alto percentual de trabalhadores da limpeza também assusta ao avaliar o contingente de pessoas que contraíram casos mais graves da doença, precisando ser sedadas, intubadas ou colocadas em respiração artificial. Somados, faxineiras, garis, auxiliares de limpeza, empregadas domésticas, diaristas e cozinheiras representam 66% dos casos.
A reportagem utilizou como base a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD) COVID-19, do IBGE. O estudo mapeou o número de pessoas hospitalizadas por covid de maio a novembro de 2020. Veja o gráfico publicado pelo jornal Estado de Minas baixo.
Os dados estarrecedores da pesquisa apenas confirmam as previsões de especialistas de todo o mundo, que já apontavam que os mais pobres sofreriam os efeitos mais intensos da pandemia, caso os governos não investissem em medidas protetivas que garantissem o isolamento social. Sem um auxílio emergencial digno por parte do Governo Federal, o alto índice de desemprego e a ausência de medidas protetivas por parte dos governos estaduais e municipais, estes trabalhadores são obrigados a se submeter às piores condições de trabalho para por comida na mesa.
Os trabalhadores da limpeza e conservação, tão importantes em todas as áreas essenciais, sempre sofreram com a desvalorização, salários baixos e péssimas condições de trabalho. Mas, com a pandemia estes profissionais foram submetidos a ainda mais riscos, pois além de estarem expostos a resíduos de origem desconhecida, não recebem EPIs em número e qualidade satisfatória e são constantemente negligenciados em relação às informações de uso equipamentos e o treinamento sobre os protocolos de biosegurança.
Por receberem os salários mais baixos e morarem em pontos distantes dos locais de trabalho, eles também são os que mais dependem do transporte coletivo e com a frota reduzida, o deslocamento passa a representar um perigo a mais. Além de enfrentar tempos de espera maiores, os ônibus estão mais cheios e sem qualquer medida de segurança e distanciamento.
Situação nas Escolas de Belo Horizonte
Mesmo sem previsão de retorno para as aulas presenciais das Escolas Municipais de Belo Horizonte, os trabalhadores terceirizados da MGS foram os primeiros a serem convocados ao trabalho presencial, alguns deles ainda no ano de 2020.
A postura de Alexandre Kalil (PSD) com estes trabalhadores, contrasta com o discurso de defesa do isolamento social e do fechamento do comercio não essencial na cidade. Nem sequer os trabalhadores que compõem o grupo de risco foram liberados do trabalho presencial, o que tem gerado um aumento do número de infectados na categoria e deixado vítimas fatais, como Adão Nogueira falecido no final de janeiro, o porteiro Diolino Rodrigues de Souza em fevereiro e Ailton Arruda no fim do mês de março.
Os trabalhadores da limpeza e demais serventes escolares foram convocados ao trabalho presencial no dia 22 de fevereiro. Junto com a convocação, o Sind-REDE/BH recebeu a denúncia de que MGS e Prefeitura não forneceram equipamentos de segurança o suficiente, se restringindo a apenas duas máscaras para cada trabalhador. Novas denúncias tem chegado como a falta de luvas, uma trabalhadora que preferiu não ser identificada afirmou que só recebeu um par de luvas no dia de sua contratação.
Mesmo após decreto da Onda Roxa do governador Romeu Zema (Novo), no dia 15 de março, que restringiu o funcionamento do comércio apenas às atividades essenciais e estabeleceu toque de recolher, os Trabalhadores Terceirizados das Escolas de BH foram mantidos em trabalho presencial.