Nota de repúdio à fala da Secretária de Educação Ângela Dalben em entrevista à Band News

Dalben coloca a responsabilidade de não contrair Covid–19 nas costas dos trabalhadores. Afirmando que protocolos seriam suficientes para não adoecer.

Secretária de Educação de Belo Horizonte, Ângela Dalben. Foto: Youtube/reprodução

Nós, Trabalhadores em Educação da Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte, em greve sanitária pela vida, vimos por meio desta nota de repúdio manifestar nossa indignação pela postura da secretária de educação, Ângela Dalben, por colocar a responsabilidade de não contrair a Covid–19 nas costas dos trabalhadores convocados ao trabalho presencial.

As declarações foram dadas em entrevista concedida à rádio Band News FM, nessa segunda-feira (03/05) sobre o retorno presencial nas escolas da cidade. Ao ser questionada sobre o funcionamento e segurança das “bolhas” – nome dado aos agrupamentos de alunos e professores e que na teoria seriam seguros para crianças e trabalhadores –, a Secretária de Educação transferiu a culpa pela contaminação aos profissionais, afirmando que basta utilizar os EPI’s de forma correta e seguir os protocolos, que a segurança estaria garantida. Em uma fala muito confusa, que distorceu dados científicos e a própria realidade sobre os números de contaminações, Dalben traçou um paralelo com os profissionais de saúde, chegando a afirmar que estes trabalhadores não pegam Covid devido aos EPIs, contrariando o fato de estes profissionais já terem sido vacinados e ainda permanecerem com grandes índices de contaminação.

“Atender com todo o cuidado, utilizar máscaras e lavar as mãos”, se essas ações fossem suficientes, não estaríamos enfrentando a pior crise sanitária de todos os tempos no mundo! Se essas ações fossem suficientes, não estaríamos contabilizando mais de 400 mil mortos em nosso país, dentre eles, um número elevadíssimo de profissionais da Saúde que usaram muito mais do que máscaras de pano e álcool em gel!

Mesmo antes da reabertura das escolas já perdemos muitos Trabalhadores em Educação. Trabalhadores terceirizados, que foram obrigados pela Prefeitura a trabalhar presencialmente, mesmo nos momentos em que Kalil fazia propaganda de que executava um lockdown. E também professoras e professores que, devido a política genocida do governo Bolsonaro, se contaminaram mesmo em isolamento social, pois muitos daqueles com os quais conviviam permaneceram trabalhando, utilizando o transporte coletivo lotado e tendo que se expor das mais variadas formas nos ambientes de trabalho.

Como pensar em “bolhas” seguras se as professoras tem que atender até três agrupamentos por semana, sem contar naqueles que trabalham no contra turno em escolas da rede privada? E as auxiliares de apoio ao educando, que precisam passar por até três agrupamentos por turno? Como pensar em um retorno seguro, se no primeiro dia já temos relatos de profissionais contaminados na semana anterior, quando iniciaram o trabalho presencial e que nem mesmo foram submetidos a testagem? Por falar em testagem, porque ela não é nem mencionada nos protocolos da prefeitura, ficando a cargo dos próprios trabalhadores?

São muitos os problemas e é grande o medo da contaminação! Medo que não está só entre os trabalhadores, medo e desconfiança que também assombra as famílias, que de forma responsável não enviaram seus filhos para as escolas, pois mesmo diante da enorme necessidade, optaram pela segurança e pela vida!

A prefeitura, por outro lado, escolheu dar os braços aos empresários e donos de escola em detrimento da vida. É um absurdo que uma secretária de educação execute uma política baseada na “torcida” para que dê “tudo certo” no momento mais grave da pandemia. Não podemos contar com a sorte para que os trabalhadores não sejam contaminados!

Exigimos desse governo responsabilidade com as vidas dos trabalhadores em educação, com as vidas de nossas crianças e de suas famílias. A volta as aulas, neste momento, é um crime cujos responsáveis serão lembrados!

#escolasfechadasvidaspreservadas

#embhnossagreveépelavida

#Kalilreabrirasescolaséinfanticídio


Comando de Greve dos Trabalhadores em Educação da Rede Municipal de Ensino de Belo Horizonte