Mesmo com forte repressão, Greve dos professores de São Paulo esvazia escolas no primeiro dia de aula

Sindicato anuncia 15% de adesão no primeiro dia de greve e orienta trabalho remoto. Trabalhadores alegam que ainda não há segurança para o retorno presencial

Salas de aula vazia no primeiro dia

O Governo do Estado de São Paulo iniciou o primeiro dia de retorno presencial às atividades escolares nesta segunda-feira (08/02), com 30% da sua capacidade. Em resposta a medida, o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), convocou uma assembleia virtual com mais de 5000 professores e deliberou uma Greve sanitária, pela vida.

O Sindicato alega que não há segurança o suficiente para o retorno, sendo que as taxas de infecção permanecem altas e orienta a categoria a permanecer em trabalho remoto, mantendo contato direto com a comunidade escolar para que não encaminhe os estudantes para a escola ainda.

Os trabalhadores que participaram do primeiro dia da greve sofreram um violento assédio moral e pressões do secretário da Educação e do governador, que ameaçou punir os grevistas com faltas e possiveis cortes de salários. Apesar disso, a adesão foi de 15% dos professores em trabalho presencial em todo o estado, além da parcela que já realiza trabalho remoto por pertencerem ao grupo de risco em função da idade e comorbidades.

A adesão dos estudantes foi de cerca de 5%, muito abaixo do percentual pretendido pelo Governo, de 30%. Segundo a Apeoesp, este é um sinal de que a sociedade está consciente dos riscos da reabertura das escolas neste contexto de pandemia e demonstra que o diálogo que os professores realizaram com a comunidade escolar.

Centenas de estudantes testam positivo

Aluna é testada em Escola Estadual de São Paulo – Foto: Divulgação/Governo de SP

Mesmo com a baixa presença estudantil no primeiro dia de aula, os testes realizados denunciam que a reabertura foi uma grande irresponsabilidade do governo. Segundo boletim da Apeosp, em um levantamento feito em 96 escolas no primeiro dia de aula, houveram ao menos 209 casos confirmados de Covid-19. O fato levou o Governo Estadual determinar o fechamento de 7 escolas ainda na segunda-feira (08/02)

Mesmo os professores que atenderam o chamado do Governo Estadual e da Secretária de Educação, retornando ao trabalho presencial, denunciaram que ainda são necessários muitas melhorias para que o ambiente escolar esteja de fato preparado para as atividades presenciais. O Sindicato alega que tem recebido denuncias de escolas com estruturas mal adaptadas, que não cumprem o próprio protocolo sanitário determinado pelo Governo, sem ventilação, sem funcionários para limpeza, com álcool em gel vencido, EPI em número insuficiente e merenda seca. Outro ponto levantado e ainda sem solução é a questão do transporte público.

Solidariedade

O Sind-REDE/BH se solidariza com os professores da Rede Estadual de São Paulo e apoia a Greve Sanitária pela Vida. Este momento é preciso se mobilizar para preservar a vida e a saúde dos trabalhadores em Educação, estudantes e familiares.

A volta às aulas não pode acontecer em meio à segunda onda da pandemia de Covid-19. Vale lembrar que na última sexta-feira o Estado de São Paulo registrou 54.324 óbitos e 1.833.163 casos confirmados durante toda a pandemia. A volta as atividades neste momento só aumentará estes números.

O Sind-REDE/BH também repudia veementemente a atitude arbitrária de perseguição do Governo Estadual de São Paulo contra os professores que se mobilizam em defesa da saúde e da vida. Marcar como falta injustificada e tomar medidas judiciais contra uma greve é uma postura antissindical e antidemocrática que deve ser repudiada por todos.