Mais de 1500 terceirizados da educação lotam audiência pública na Câmara

Mobilização força recuo da prefeitura que envia ofício ao Sindicato reabrindo negociação

Na tarde desta quarta-feira (26/02), a Câmara Municipal de Belo Horizonte foi palco de uma histórica audiência pública sobre a luta dos trabalhadores terceirizados das escolas municipais por melhores salários e pela redução da jornada de trabalho. O evento contou com a presença de mais de 1500 trabalhadores, que lotaram as galerias, ocuparam o saguão da Casa Legislativa e, em muitos casos, precisaram acompanhar a sessão do lado de fora do prédio.

A massiva presença dos trabalhadores impressionou os vereadores, que destacaram nunca ter visto a Câmara Municipal tão cheia. Entretanto, a ausência de representantes do Governo Municipal e da Minas Gerais Administração e Serviços S.A. (MGS), que haviam sido convidados a participar, gerou forte indignação entre os parlamentares. Nem o secretário municipal de Educação, Bruno Barral, nem representantes da empresa compareceram ou enviaram qualquer representante

A mesa da audiência foi composta por representantes do Comando de Greve, Maria Lúcia e Michael Henrique Borges, além dos vereadores Iza Lourença (PSOL), Cida Falabela (PSOL), Luiza Dulce (PT), Pedro Patrus (PT), Wagner Ferreira (PV), Juhlia Santos (PSOL), Loide Gonçalves (MDB) e Edmar Branco (PCdoB), além dos advogados Gustavo Seferian e Bruno Bugarelli, que contribuíram com suas análises jurídicas de forma virtual. O presidente da Câmara, Juliano Lopes (Podemos), e a deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL) também fizeram saudações ao movimento.

A forte mobilização dos trabalhadores fez com que a audiência repercutisse além da Câmara. Mesmo sem ter enviado representantes, a Prefeitura foi pressionada e, ainda durante a sessão, o prefeito em exercício, Álvaro Damião (União Brasil), encaminhou um ofício ao Sind-REDE/BH afirmando que suspenderia os cortes de ponto e reabriria a mesa de negociação da campanha salarial de 2025, com a condição de que a greve fosse encerrada.

Ao final da audiência, os trabalhadores realizaram uma assembleia no próprio prédio da Câmara para avaliar a proposta do governo municipal. No entanto, decidiram que precisavam de mais tempo para debater coletivamente os próximos passos do movimento. Assim, foi convocada uma nova assembleia para esta quinta-feira (27/02), às 14h, em frente à Prefeitura de Belo Horizonte.

Assembleia na Portaria 2 da Câmara, logo após a Audiência

O dia de amanhã também será marcado por uma greve geral nas escolas municipais, já que os trabalhadores concursados (professores, bibliotecários e assistentes administrativos educacionais) também vão paralisar as atividades em solidariedade aos trabalhadores terceirizados, exigindo negociação e contra os cortes de ponto.

Enquanto isso, o acampamento dos trabalhadores segue para o seu terceiro dia em frente à Prefeitura, reforçando a pressão para que suas reivindicações sejam atendidas.

Comando de greve dá informes sobre a proposta do governo municipal no Acampamento em frente à Prefeitura.