Homeschooling: Pressão no Senado para derrubar o projeto de lei anti-escola

Base bolsonarista na Câmara passa recibo para a ausência de políticas públicas na educação ao aprovar projeto que desvirtua a função social da escola.

Câmara conclui votação do ensino domiciliar. Foto: Paulo Sérgio/Agência Câmara

Na última quinta-feira (19/05), a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei que regulamenta a prática do ensino domiciliar, ou homeschooling como preferem chamar os seus apoiadores, no Brasil (PL 3179/12). O texto segue para o Senado Federal, onde pode ser aprovado, rejeitado ou modificado. Envie mensagem aos senadores mineiros contra o projeto.

O projeto foi aprovado por 264 votos favoráveis, contra 144. O texto do projeto desobriga os pais de matricularem seus filhos no ensino regular em escola pública ou privada, desde que ofereça a educação em casa. Os critérios estabelecidos pelo projeto são tão amplos e vagos que permitem que praticamente qualquer família opte pela modalidade, retirando do estado a responsabilidade pela educação e da criança o direito de frequentar a escola.

Segundo pesquisa do DataFolha publicada no dia 14 de maio, oito a cada dez brasileiros rejeitam a possibilidade de que pais, mães e responsáveis privem crianças de frequentar as escolas. A política do governo visa uma parcela muito específica da população, que compartilham da chamada “pauta de costumes”. Segundo relatos dos próprios defensores do projeto na Câmara, cerca de 10 mil famílias praticam a modalidade de ensino de forma ilegal no país. O número é irrisório diante da população brasileira e tem se restringido principalmente a grupos que defendem uma Educação religiosa, conservadora e extremamente ideologizada, que contesta consensos científicos como a teoria da evolução.

O Sind-REDE/BH defende que a escola é um direito universal da criança e entende que o ensino domiciliar é um ataque frontal à escola, que tira do Estado o papel de oferecer educação de qualidade e acessível para todos e todas. Para além dos problemas de fiscalização e avaliação do processo ensino/aprendizagem, o Sindicato entende que a educação vai muito além da sala de aula e que ao privar o direito à escola também há riscos ao direito à socialização. 

Por fim, o projeto desvia o debate nacional sobre o principal problema da educação brasileira, que é a falta de investimento público, principalmente após os desafios impostos pela pandemia de Covid-19. Os cortes na educação tem feito com que o Brasil retroceda na qualidade da educação oferecida. Com o homeschooling, o estado poderá se isentar ainda mais da responsabilidade de oferecer uma educação de qualidade, aprofundando as desigualdades sociais e educacionais existentes no país.

Como votaram os Deputados Mineiros

  • Aécio Neves (PSDB-MG) – Não votou
  • Aelton Freitas (PP-MG) – SIM
  • Alê Silva (Republican-MG) – SIM
  • André Janones (Avante-MG) – NÃO
  • Bilac Pinto (União-MG) – SIM
  • Charlles Evangelis (PP-MG) – Não votou
  • Delegado Marcelo (União-MG) – SIM
  • Diego Andrade (PSD-MG) – Não votou
  • Domingos Sávio (PL-MG) – SIM
  • Dr. Frederico (Patriota-MG) – SIM
  • Eduardo Barbosa (PSDB-MG) – SIM
  • Emidinho Madeira (PL-MG) – SIM
  • Eros Biondini (PL-MG) – SIM
  • Euclydes Pettersen (PSC-MG)
  • Fábio Ramalho (MDB-MG) – NÃO
  • Franco Cartafina (PP-MG) – SIM
  • Fred Costa (Patriota-MG) – Não votou
  • Greyce Elias (Avante-MG) – SIM
  • Hercílio Diniz (MDB-MG) – Não votou
  • Igor Timo (Podemos-MG) – SIM
  • Júlio Delgado (PV-MG) – NÃO
  • Junio Amaral (PL-MG) – SIM
  • Lafayette Andrada (Republican-MG) – SIM
  • Léo Motta (Republican-MG) – SIM
  • Leonardo Monteiro (PT-MG) – Não votou
  • Lincoln Portela (PL-MG) – SIM
  • Lucas Gonzalez (Novo-MG) – SIM
  • Luis Tibé (Avante-MG) – Não votou
  • Marcelo Álvaro (PL-MG) – SIM
  • Marcelo Aro (PP-MG) – SIM
  • Mário Heringer (PDT-MG) – NÃO
  • Mauro Lopes (PP-MG) – SIM
  • Misael Varella (PSD-MG) – SIM
  • Newton Cardoso Jr (MDB-MG) – NÃO
  • Odair Cunha (PT-MG) – NÃO
  • Padre João (PT-MG) – NÃO
  • Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG)
  • Paulo Guedes (PT-MG) – NÃO
  • Pinheirinho (PP-MG) – SIM
  • Reginaldo Lopes (PT-MG) – NÃO
  • Rodrigo de Castro (União-MG) – Não votou
  • Rogério Correia (PT-MG) – NÃO
  • Stefano Aguiar (PSD-MG) – Não votou
  • Subtenente Gonzaga (PSD-MG) – SIM
  • Tiago Mitraud (Novo-MG) – SIM
  • Vilson da Fetaemg (PSB-MG) – NÃO
  • Weliton Prado (PROS-MG) – SIM
  • Zé Silva (Solidaried-MG

Carta aos Senadores

Excelentíssimo Senador __,

Eu sou professor da Rede Municipal de Belo Horizonte e vi com muita apreensão a aprovação do PL 3179/22 na Câmara dos Deputados.

Embora entenda que o ensino domiciliar mereça alguma regulamentação, o que o PL proposto na Câmara faz é uma autorização generalizada e praticamente sem regras para essa prática no país.

É preciso lembrar que mais de 80% da população brasileira é contra o ensino domiciliar. Aprovar esse projeto, neste momento, em que a educação brasileira precisa de mais investimentos para se recuperar de todos os prejuízos impostos pela pandemia de Covid-19 é sacramentar a omissão do governo federal em relação a essa pauta.

É preciso que o governo garanta uma escola pública de qualidade para todos. Pra isso, o foco da discussão deve ser como garantir mais recursos às escolas e valorização dos profissionais da educação de todo o país.

Contato dos Senadores Mineiros

Alexandre Silveira (PSD)


Carlos Viana (PL)


Rodrigo Pacheco (PSD)