Humilhante, desastrosa, insuficiente e letal. Estas são algumas palavras que poderiam descrever o primeiro dia de entrega da ajuda humanitária sob controle israelense, com o apoio dos Estados Unidos, através da empresa GHF (Gaza Humanitarian Foundation).
Na terça (27), aos menos três palestinos foram mortos, após o exército israelense disparar contra uma multidão que lutava para alcançar um pouco de comida. As cenas de milhares de pessoas “presas” em uma gigante gaiola chocaram o mundo mais uma vez.
De acordo com as autoridades de Gaza, o ocorrido em Rafat deixou também 46 feridos e sete desaparecidos. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que os tiros tinham a intenção de restaurar a ordem, após um princípio de confusão.
A UNRWA (agência da ONU para refugiados palestinos) denunciou que ao assumir a entrega humanitária, Israel procura distrair o mundo das atrocidades que vem cometendo.
É mais do que isso. Depois de impedir a entrada de ajuda humanitária, o controle da distribuição de uma quantidade irrisória de alimentos é mais uma forte de utilizar a fome como arma de guerra.
Desumano
Após dois meses de bloqueio total ao enclave, a morte por inanição é realidade para ao menos 16 mil bebês palestinos. As cenas de crianças morrendo de fome levaram Israel a sofrer a maior pressão diplomática internacional desde o início do genocídio palestino.
Os centros de distribuição de comida serão estabelecidos no Sul de Gaza apenas, o que irá obrigar os palestinos a migrarem mais uma vez de todas as outras regiões, seguindo seus planos de deslocamento forçado e limpeza étnica. O movimento israelense fere mais uma vez o princípio humanitário internacional.
Lula precisa agir
A pressão para que o presidente Lula rompa todas relações do Brasil com Israel cresceu nos últimos dias. Nesta quarta-feira (28), foi enviada ao Planalto uma carta artistas, acadêmicos, congressistas, sindicatos e movimentos sociais, incluindo a CSP-Conlutas.
O documento foi organizado pelo BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) e assinada por personalidades como Chico Buarque, Carol Proner, Emir Sader, Manuela D’Ávila, Milton Hatoum, Paulo Sérgio Pinheiro, Chico Diaz, Giovanna Nader, Gregorio Duvivier e outros.
A carta também exige um embargo na venda de petróleo para Israel e decrete o fim do tratado comercial entre o Brasil e o governo de Benjamin Netanyahu (Likud, direita): “Sem embargo, o Brasil segue exportando petróleo e negociando compra e venda de equipamentos militares com o Estado israelense e suas empresas”, afirma o texto.
Confira a carta aqui
Aumentar a pressão
Se Israel parte para a “solução final” contra os palestinos, como os nazistas fizeram com os judeus, o tempo de agir está ficando cada vez menor. A CSP-Conlutas e todas entidades filiadas se somam a todas iniciativas em defesa de uma Palestina Livre, do Rio ao Mar.
É preciso, mais do que nunca, colocar o governo Lula contra a parede e exigir que, mais do que meros discursos, o país lidere uma campanha de boicote a Israel, com o fim de todas as relações e acordos comerciais, como outros governos já fizeram. O Brasil não pode ser cúmplice desse genocídio televisionado.
Via CSP-Conlutas