A Polícia Militar impediu, na tarde do último sábado (7), a realização da 1ª Parada LGBT do Aglomerado da Serra. A manifestação estava prevista para acontecer das 12:00 às 20 horas. A concentração de pessoas já começava acontecer, quando o policial responsável pela operação informou que por falta de autorização não seria possível a realização do evento.
Apesar dos organizadores terem apresentado os documentos com liberações assinadas, pelo Corpo de Bombeiros, pela BHTrans e pelo Batalhão de Trânsito da PM, o tenente Antônio Vieira alegou que a manifestação não poderia ser realizada uma vez que o Batalhão da Serra não teria autorizado. As argumentações dos organizadores não foram levados em conta.
A I Parada LGBTQI+ no Aglomerado da Serra homenagearia teria como homenageada a dançarina de funk Lacraia e contaria com a participação de artistas de vários estilos que se revezariam em apresentações ao longo de todo o dia em um trio elétrico. Estava programado que o ponto de concentração seria na Praça Central, Cardoso, e a dispersão aconteceria na praça do Cafezal.
O Observatório das Quebradas, Baile Funk da Serra e os coletivos @bsurda, participariam da parada que tinha como o objetivo manifestar o amor e o respeito dentro do próprio aglomerado, local onde se observa realidades plurais e rica cultura, mas onde o descaso e a visão preconceituosa das autoridades fazem com que o Aglomerado, também se apresente com diversos fatores de exclusão. O evento contava com apoio do Sind-REDE/BH que cedeu o seu carro de som para a sua realização.
Realização de eventos como esse são de fundamental importância não apenas para a população da comunidade da Serra, mas também para outras regiões periféricas da cidade. Locais onde a presença do Estado costuma se fazer mais pelo braço armado da Polícia do que por equipamentos públicos que facilitem o acesso ao lazer e à cultura.
Eventos como o da I Parada LGBTQI+ no Aglomerado da Serra ajudam a abarcar objetivos já definidos no Artigo 1º da Constituição Federal que devam ser alcançados, como a erradicação da marginalização, a construção de uma sociedade justa, livre e solidária e o mais importante: a promoção do bem de todos, sem preconceito de cor, origem, etnia, gênero e identidade, raça, orientação sexual ou quaisquer outras formas de discriminação.
A Polícia de Romeu Zema demonstrou seu tratamento de forma discriminatória em relação à periferia e desrespeitoso com a diversidade e com a população do Aglomerado da Serra em geral.
Repudiamos veementemente o cancelamento da 1ª Parada LGBTQI+ do Aglomerado da Serra e reiteramos nossa solidariedade e disposição de colaboração para com os movimentos sociais.
Diretoria Colegiada do Sind-REDE/BH
