100 anos de Paulo Freire: Patrono da Educação Brasileira

Pedagogo é celebrado em todo o mundo por sua pedagogia do afeto, recebeu 48 títulos de doutor honoris causa e uma indicação ao Prêmio Nobel da Paz

No último domingo, 19/09, comemorou-se o centenário de Paulo Freire, considerado o Patrono da Educação Brasileira. O educador tornou-se referência na educação mundial e brasileira por sua teoria do conhecimento, sua coerência e ética, além da forma com a qual educava, sempre priorizando o diálogo e o respeito na busca de um mundo, como ele mesmo dizia “menos feio, mais justo, menos malvado e onde fosse menos difícil amar.”

Paulo Freire nasceu em Pernambuco e se tornou um dos pensadores mais importantes do século XX, sendo o intelectual brasileiro que recebe mais citações na academia mundial. Sua prática político-pedagógica criou um novo campo dentro da filosofia educacional, chamado pedagogia crítica, que vai além da simples alfabetização, fazendo o estudante desenvolver, a partir de suas próprias vivências e construções, a consciência de liberdade e identificar tendências autoritárias. Freire defendia que o objetivo da escola era ensinar o aluno a “ler o mundo para poder transformá-lo”

Devido ao seu método revolucionário, Paulo Freire foi considerado um subversivo para a ditadura militar, sendo obrigado a viver exilado por 16 anos, desde o golpe de 1964 até 1980. Mas o exílio não foi capaz de parar seus estudos e permitiu que a obra de Freire se internacionalizasse por países tão diversos como Bolívia, Chile, Estados Unidos e Suiça.

Em contraste com o prestígio que o pensador tem pelos pedagogos do Brasil e do mundo, Freire continua sendo abominado por autoritários, como Bolsonaro, que já afirmou que é preciso “expurgar a filosofia freiriana das escolas” e culpa o patrono pela baixa qualidade da educação brasileira. O nível de ataque dos bolsonaristas é tão grave que após uma ação movida pelo Movimento Nacional de Direitos Humanos, a Justiça Federal do Rio de Janeiro determinou liminarmente que a União “abstenha-se de praticar qualquer ato institucional atentatório à dignidade do Professor Paulo Freire na condição de Patrono da Educação Brasileira”.

“Os homens se educam entre si mediados pelo mundo”, ressaltava. Isso implica em um dos seus princípios fundamentais: o de que o estudante, alfabetizado ou não, chega à escola levando uma cultura que não é melhor nem pior do que a do professor. Ou seja, em sala de aula, os dois lados aprenderão juntos, um com o outro e para isso é necessário que as relações sejam afetivas e democráticas, garantindo a todos a possibilidade de se expressar.