Os trabalhadores metroviários da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU/MG) iniciaram hoje (14/12) uma greve com paralisação total das atividades pela terceira vez só esse ano. Segundo o Sindimetro/MG, a paralisação é por tempo indeterminado, “até que se resolvam os infortúnios a que estão submetidos desde quando o governo resolveu privatizar a empresa”.
Os trabalhadores reivindicam a manutenção do emprego de aproximadamente 1600 trabalhadores concursados, que veem seus empregos ameaçados pela possibilidade de privatização, já que o processo não prevê qualquer garantia aos trabalhadores. Além disso, eles reivindicam também a suspensão do leilão marcado para o dia 22 de dezembro, que já é alvo de disputa judicial entre o Governo de Minas Gerais e a equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A não privatização da CBTU foi uma promessa de campanha de Lula, mas que esbarra nos interesses do governo estadual de Romeu Zema (Novo), que já via como certo a realização do leilão no apagar das luzes da gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os termos do edital de venda da CBTU é escandaloso, o lance mínimo para aquisição da empresa é de 19 milhões e dá direito a explorar os serviços de trens pelos próximos 30 anos. Contudo, os investimentos necessários para a expansão e modernização da Linha 1 do metrô e construção da Linha 2 é de responsabilidade do Estado e deve custar R$ 3,2 bilhões aos cofres públicos. Vale ressaltar que o patrimônio total da CBTU é avaliado em mais de 900 milhões pelo BNDES. Só em 2012, a empresa investiu cerca de 210 milhões para aquisição de 10 trens.
Os metroviários também denunciam que os aumentos sucessivos das passagens que passou de R$1,80 para R$4,50 (150% em 2 anos) se deram para tornar a proposta de privatização ainda mais atrativa para o setor privado.
Expansão não depende de privatização
O Governo Zema atrela a privatização da CBTU à justa demanda da população pela expansão do metrô. Porém, essa questão é desmentida pelo próprio edital do leilão, já que mais de 90% dos investimentos necessários devem ser custeados pelos cofres públicos.
A fortes indícios de que a política entreguista de Zema busca atender a interesses pessoais e favorecimentos empresariais, já que o lance mínimo é cerca de 50 vezes menor do que o patrimônio avaliado da empresa, chegando a ser menor do que o preço pago por um dos trens adquiridos em 2012. Segundo a ação que tramita na Justiça Federal pedindo a paralisação do leilão, também existem denúncias de vazamento do edital e acesso privilegiado de determinados empresários.
A luta contra a privatização é de todos
Toda greve representa um transtorno para a população, principalmente no setor de transportes. Porém, entendemos que este é um recurso legitimo e representa a última cartada dos trabalhadores diante da intransigência de um governo que se recusa a responder às questões colocadas pelos metroviários.
Mais de 1600 trabalhadores concursados estão com seus empregos em risco, sem qualquer garantia de permanência caso o leilão se efetive. Além disso, a proposta de privatização é completamente absurda e irresponsável com os bens públicos, não garantem a expansão e propicia ainda mais aumentos nas passagens.