Os trabalhadores franceses estão dando um verdadeiro exemplo de luta e resistência contra a retirada de direitos em seu país. Após o anúncio de reforma da previdência do governo de Emmanuel Macron, que aumenta a idade mínima da aposentadoria para 64 anos, igualando o tempo de homens e mulheres e aumenta a alíquota de contribuição de trabalhadores mais pobres, milhões de pessoas foram às ruas em protestos e paralisações no país.
Já ocorreram quatro grande manifestações, sendo as três primeiras (realizadas nos dias 18 e 31 de janeiro e 7 de fevereiro) com greves gerais que atingiram dezenas de categorias do país incluindo educação e transporte. No último sábado, 11 de fevereiro, aconteceu o maior protesto até o momento, segundo a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) mais de 500 mil pessoas participaram do ato em Paris e 2,5 milhões em todo o país.
A opinião pública está contra o governo, dois a cada três franceses se opõem a reforma. Mas o governo Macron mantém a postura de intransigência e se recusa a retirar a proposta ou abrir o diálogo com os trabalhadores. Macron aposta todas as suas fichas no parlamento, costurando acordos com a oposição de direita para passar o projeto. Caso a proposta não seja votada até o fim de março, Macron ainda conta com uma brecha legal que permitiria que a reforma seja aprovada tacitamente pelo próprio presidente.
Em resposta, um novo dia de greve geral está marcado para o dia 7 de março. A expectativa é que a paralisação seja ainda mais forte que as anteriores, com paralisação total do setor de transportes públicos, aéreo e ferroviário, travando toda a economia do país. Os trabalhadores da Educação também prometem não retomar às aulas, previstas para começar no dia 6 de março.
Segundo a CGT, os protestos e greves de 2023 já superam os de 1995, quando as paralisações dos trabalhadores conseguiram interromper a tramitação de um projeto anterior de reforma da Previdência no país. A Confederação considera que é possível derrotar a reforma, mas teme que caso Macron adote a manobra de aprovação tácita, isso acabe gerando um fortalecimento da extrema-direita no país.