O dia 20 de novembro, data que marca a morte de Zumbi dos Palmares e reconhecido como o dia da Consciência Negra, amanheceu com a estarrecedora notícia do espancamento até a morte de um homem negro por dois homens em um supermercado da rede Carrefour, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
O dia que deveria ser palco para a celebração e reconhecimento do povo negro na construção da sociedade brasileira e para debater formas de se combater o racismo, a descriminação, a desigualdade social gerada pelos anos de escravidão e, principalmente, o genocídio promovido pelo próprio estado aos povos de ascendência africana, foi mais uma vez marcado por um episódio bárbaro de violência.
João Alberto Silveira Freiras, de 40 anos de idade, foi assassinado a socos, pontapés e estrangulamento por um segurança e um policial militar, após se desentender com uma funcionária do supermercado. Uma unidade de Atentimento Móvel de Urgencia (SAMU) chegou a ser acionada, mas Freitas não resistiu e os assassinos foram presos em flagrante.
Assim como aconteceu com George Floyd nos Estados Unidos todo episódio de violência foi filmado. No vídeo que circula nas redes sociais desde ontem (19/11) é possível ver que além da brutal agressão promovida pelos dois homens, ninguém tentou ajudar João Alberto e ainda filmavam toda a cena de perto.
Parem de nos matar!
O Carrefour tem um histórico de violência, há o caso ocorrido este ano de um promotor de vendas, que morreu dentro do supermercado e foi escondido sob um guarda sol para não ser preciso fechar a loja e de um cachorro morto a pauladas também por um segurança.
Mas a violência racista institucionalizada vai muito além da Rede de supermercado. Este episódio só demonstra que a luta contra o racismo e contra a barbárie está longe de acabar, o crime não é um caso isolado.
Dados divulgados em agosto deste ano pelo Atlas da Violência 2020 indicam que os assassinatos de negros aumentaram 11,5% em dez anos, enquanto os de não negros caíram 12,9% no mesmo período. Entre os negros, a taxa de homicídios no Brasil saltou de 34 para 37,8 por 100 mil habitantes entre 2008 e 2018. Em 2018, os negros representaram 75,7% das vítimas de todos os homicídios.
Luto e Luta – Vidas Negras Importam
O movimento negro de Belo Horizonte organiza um ato hoje (20/11), às 15h, em frente ao Carrefour da Av. Afonso Pena com Rua Guajajaras. Para protestar contra o racismo e a violência que negros e negras sofrem no Brasil e no mundo. E para exigir punição aos assassinos de João Freitas.