Metalúrgicos de São José dos Campos e região decretam greve na categoria

Metalúrgicos começaram o dia com paralisações nas fábricas para evitar proliferação do novo coronavírus

Diante do descaso com que governo e patrões estão tratando a vida da classe trabalhadora em meio à pandemia de Coronavírus, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região (SP) decretou Greve Geral na categoria a partir desta segunda-feira (22).

A entidade realizou uma transmissão ao vivo em sua página no Facebook neste domingo, no final do dia, para informar a medida e explicar os motivos para tal decisão, que constam do edital publicado.

Já nesta segunda, várias fábricas paralisaram. Em São José dos Campos, as empresas Hitachi e Elgin os trabalhadores voltaram para suas casas e 100% da produção foi parada. Na Avibras, depois de uma hora de paralisação, a empresa anunciou licença-remunerada para a maioria dos trabalhadores, com exceção dos que atuam em áreas essenciais. Na Prolind, após paralisação dos funcionários, a empresa apresentou um calendário de dispensa de todos até a próxima quarta-feira (25).

Na Domex, em Caçapava, os trabalhadores pararam uma hora e alertaram a empresa que, se não houver dispensa de todos os trabalhadores, vão aderir à greve. Na Retrovex, em Igaratá, também houve paralisação de duas horas.

Duas das maiores empresas da categoria, após pressão do Sindicato feita ainda na semana passada, a Embraer e a GM, também anunciaram a dispensa dos trabalhadores.

Na Embraer, o Sindicato cobrava a empresa desde o último dia 12 medidas em defesa da segurança dos funcionários, e ontem a fabricante de aviões anunciou que irá conceder licença-remunerada a partir de ontem até o próximo dia 31. Na Latecoere, a empresa também concedeu licença-remunerada.

A GM, que já havia anunciado férias coletivas a partir do dia 30, diante da pressão do Sindicato antecipou a liberação dos metalúrgicos já a partir de amanhã (24).

O edital da greve geral na categoria será enviado a todas as empresas e o Sindicato faz o chamado para que os trabalhadores desde já fiquem em casa, em isolamento social e quarentena, como vem sendo orientado pela OMS (Organização Mundial de Saúde).

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Em defesa da vida

Durante a live realizada neste domingo, o presidente do Sindicato Weller Gonçalves resumiu os motivos da decisão da entidade: “É uma medida em defesa da vida dos trabalhadores”, afirmou.
Nesta segunda, Weller ressaltou que cabe aos sindicatos estar na linha de frente da defesa da classe trabalhadora, pois as medidas dos governos têm sido, no mínimo, insuficientes, para não dizer, irresponsáveis e criminosas contra os trabalhadores.

“As recomendações sanitárias para impedir a disseminação do coronavírus são claras: isolamento social. Mas governos tem defendido essa medida de forma totalmente seletiva. Nas fábricas, onde existe uma grande concentração de trabalhadores, cuja maioria tem de se deslocar em transportes públicos lotados, eles não tomam nenhuma medida. Ao contrário, Doria, por exemplo, ao anunciar a quarentena no estado, destacou que as indústrias teriam de continuar funcionando. Ou seja, querem usar os trabalhadores como bucha de canhão”, afirmou Weller.

“Ora, isso é um absurdo. Um crime contra os trabalhadores. Nem toda indústria tem uma produção considerada essencial. É o caso do setor metalúrgico que desenvolve em sua maioria atividades que podem muito bem ser suspensa. Neste momento deve se garantir o funcionamento de empresas que produzam alimentos de primeira necessidade, medicamentos e produtos de higiene essenciais para o enfrentamento da crise e ainda assim sob controle dos trabalhadores, que vão garantir esse funcionamento com todas as condições para sua segurança”, defendeu o dirigente.

Weller exemplificou ainda que na Itália, o governo adotou uma quarentena seletiva, que deixou de fora os trabalhadores das indústrias, o que foi desastroso. “As regiões de grande concentração industrial foram uns dos principais focos de proliferação do Coronavírus e agora estamos assistindo a catástrofe social pela qual passa o país, com o maior número de mortes do mundo”, disse.

O presidente do Sindicato, que é filiado à CSP-Conlutas, ressaltou também que os trabalhadores precisam se organizar e mobilizar para defender suas vidas, mas também seus empregos, direitos e salários que absurdamente estão sob ataque do governo de Bolsonaro.

“Em meio aos caos social com a pandemia de Coronavírus, o governo Bolsonaro, não bastasse sua postura criminosa de minimizar a gravidade da situação e tomar medidas totalmente ineficientes para impedir o avanço da pandemia no país, também está aproveitando o momento para aprofundar seus ataques aos empregos, direitos e salários dos trabalhadores. São medidas que preveem a suspensão de contratos de trabalho, sem pagamento de salários, e redução de direitos. Um tremendo absurdo”, opinou.

“Por tudo isso, nós trabalhadores precisamos nos organizar e lutar. Se depender deste governo de ultradireita, capacho dos patrões e do imperialismo, os trabalhadores irão pagar essa crise com mais redução de direitos e salários, desemprego, com suas vidas. Não podemos permitir. Fazemos um chamado a que todos os sindicatos, de outras categorias e centrais sindicais, tomem esta luta em defesa da nossa classe”, concluiu Weller.

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