Congresso da Rede entra em seu último dia com debates sobre opressões e guerras na Palestina e Ucrânia

Categoria participou ativamente do debate com intervenções que mostram a pluralidade política da Rede.

O XIV Congresso dos trabalhadores em Educação da Rede Municipal entra em sua reta final neste sábado (18/11), no Sesc Venda Nova. Na noite anterior, a equipe de sistematização organizou todas as propostas debatidas nos grupos para serem apresentadas na Plenária Final, que tomou toda a parte da tarde. Pela manhã, iniciando o último dia trabalhos, aconteceram dois painéis, com o tema de Combate às Opressões e sobre as Guerras da Ucrânia e Palestina. A noite foi realizado o Ato Festa, em homenagem ao Dia da Consciência Negra. Confira o resumo:

Mesa de Combate às Opressões

Iniciando o último dia de trabalhos do XIV Congresso da Rede, neste sábado (18/11), acontece a mesa sobre Combate às Opressões com a participação de Wilson Honório do Quilombo Raça e Classe, Erika Andrassy do Movimento Mulheres em Luta e Denize Almeida do Coletivo com Elas, substituindo Adriana Souza, que não pode participar da mesa. Conduzindo o painel as diretoras do Sind-REDE/BH Priscilla Delphino e Bárbara Guimarães.

Erika Andrassy fez uma longa explanação sobre as violências sofridas pelas mulheres e pontuou como o último governo representou um grande retrocesso nesse tema, com a desestruturação de políticas públicas, corte de verbas para o combate a violência, para as casas abrigo e para campanhas de conscientização sobre o assédio. Por isso, existe a necessidade de aumentar o investimento de forma consistente nessas áreas, para reverter tamanho retrocesso. Porém, o governo Lula já anunciou um investimento menor para 2023 do que aconteceu em 2022 nessas políticas públicas, isso ainda sem considerar o Novo Arcabouço Fiscal.

Wilson Honório iniciou sua fala afirmando que a luta contra as opressões, seja o machismo, o racismo, a homofobia ou qualquer outra, é uma luta do conjunto da classe trabalhadora. Honório ponderou que é necessário vencer a ofensiva ideológica neoliberal que coloca a solução individual para os povos oprimidos, como se a saída para os negros, mulheres, LGBTs, para alcançar a felicidade e superar a opressão é se tornar patrão e isso, além de uma grande mentira, porque pessoas ricas com essas características também continuam sofrendo preconceito por sua existência, não serve para a classe. Para Honório, todas as políticas públicas de solução para as opressões devem ser coletivas e são progressivas, mas a libertação final depende também da superação do sistema capitalista, pois o sistema se utiliza dessas opressões, que animalizam o povo negro, para aumentar a exploração, criando uma subcategoria humana que recebe menores salários e menos direitos.

Wilson também explicou que se hoje as LGBTs podem sair do armário, isso é fruto de muita luta, das pessoas que desafiaram a violência. Mas a falta de políticas públicas de defesa e conscientização de pessoas LGBTs, faz com que o Brasil permaneça sendo o país que mais mata LGBTs por 20 anos.

Denize Almeida inicia sua fala mostrando os dados sobre desigualdade racial no Brasil do IBGE, 54% da população brasileira que se autodeclara negras (pretas e pardas). Apenas 33,7% dos cargos ocupados por pessoas negras. 1 a cada 48 em cargos de gerência. 61,5% desempregados. A coisa piora quando fazemos também o recorte de gênero. 46% da população negra está em trabalhos informais. Pessoas negras recebem em média 39,2% a menos que pessoas brancas. No governo Lula, na hierarquia ministerial 9% de mulheres negras e 20% por homens negros. Entre os governadores 8% negros e apenas 1 indígena. Denize provoca então os participantes a pensar como a educação pode ser uma grande possibilidade de colocar as pessoas negras como protagonistas e inverter essa lógica. Mas isso passa também por políticas públicas que levem em consideração essa desigualdade, ela pontua como a evasão de crianças negras foi maior durante a pandemia pela falta de possibilidade de acompanhar o ensino remoto.

Mesa 2 – Conjuntura Internacional: Palestina e Ucrânia

Após a mesa de combate às opressões, foi realizada uma performance em homenagem ao povo palestino. Confira o vídeo.

 
 
 
 
 
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Em seguida, foi estabelecida a mesa sobre Conjuntura Internacional, com ênfase nas Guerras de ocupação na Palestina e Ucrânia. A mesa foi conduzida pelos diretores do Sind-REDE/BH Carolina Pasqualini e
Reinaldo Felício. Os convidados do painel foram Fábio Bosco, do Setorial Internacional da CSP-Conlutas e Breno Altman, Jornalista e fundador da revista eletrônica Opera Mundi.

Fábio Bosco explica que esse cenário de guerras no mundo tem a ver com uma nova disputa Inter-imperialista, que disputam as riquezas naturais e a influência política territorial de um capitalismo em crise. Para Bosco, enquanto os EUA e a União Europeia tentam se manter como principais mandatários do mundo, novos atores como a China tentam expandir sua área de influencia e defendendo um mundo multipolar, que segundo Fábio Bosco significaria um mundo com mais países imperialistas. Junto a isso, países como Russia e Israel atuam como países imperialistas locais, expandindo sua influencia a partir da ocupação territorial. Ele ainda explica que as potências imperialistas, lucram muito com a guerra, a indústria bélica americana aumentou seu lucro em quase 10% com a Guerra da Ucrânia e a importação de armas na União Europeia aumentou 92%, só em 2022. O lucro da indústria bélica no ano passado foi de US$ 2,2 trilhões, maior índice desde a guerra fria, descontando a inflação. Bosco caracteriza a invasão da Ucrânia pela Russia como um ataque imperialista de expansão territorial e defende a autodeterminação do povo Ucraniano e seu direito de defesa.

Em contraponto, Breno Altman, embora tenha acordo com a crise do capitalismo e a necessidade da guerra como forma de tentar salvar esse sistema, ele apresenta um contraponto sobre a questão. Para Altman a queda da União Soviética representa a maior derrota da classe trabalhadora mundial, que estabelece uma ordem Unipolar no mundo. Em contradição a essa ordem unipolar, principalmente na America Latina, governos progressistas surgem em oposição ao imperialismo, mesmo que repleto de contradições. Uma segunda contradições é a ascensão da China, que passa a disputar a sua zona de influencia não de forma imperialista, mas a partir de colaborações e investimentos em sua periferia. Para Altman, a disputa entre China e EUA não é uma disputa interimperialista como caracterizou Bosco, mas sim uma luta contra o imperialismo. Altman caracteriza a guerra na Ucrânia como uma resposta ao golpe de 2014, que retirou do poder um governo pró-Rússia e se aproxima da Otan, da União Europeia e dos EUA. Segundo o jornalista, a ocupação Russia é uma resposta ao ataque étnico e de expansão promovido por Zelensky. Assim, a Russia rompe o monopólio da guerra, imposto pelos EUA.

Em acordo, Altman e Bosco, afirmam que a quebra do monopólio da guerra, também é uma explicação para o massacre na Palestina. Altman, com todas as ressalvas e críticas programáticas ao Hamas, afirma que o ataque do dia 7 de outubro é uma resposta ao regime de apartheid, colonialista, de opressão e de repressão ao povo palestino. Mas esse ataque tem servido como desculpa para um dos maiores massacres e genocídios da história moderna.

Após a apresentação, a categoria participou ativamente do debate com posições diversas e intervenções que mostram a pluralidade política da Rede.