Ontem (17/01), o Brasil deu a largada oficial para a vacinação no País. O fato se deu logo depois que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, por unanimidade, o uso emergencial das duas vacinas produzidas no Brasil, a Coronavac (do Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac) e a AstraZeneca (da Fiocruz em parceria com a universidade de Oxford, na Inglaterra).
Inicialmente previsto para quarta-feira (20/01), o Ministério da Saúde adiantou para hoje (18/01), a partir das 17h, a vacinação contra a Covid-19 em todo o país.
Com a aprovação do uso emergencial das vacinas, a batalha contra a pandemia do novo Coronavírus no Brasil ganha um importante aliado, principalmente em um cenário de aumento de casos, com a segunda onda de contaminação e a crise humanitária em Manaus (AM). É importante lembrar que o país ultrapassou recentemente a marcar 200 mil mortes pela doença, cerca de 10% de todas as mortes registradas mundialmente, com a triste média móvel de cerca mil mortes por dia, posicionando o Brasil como o segundo país em que se mais morre por Covid-19 no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
A Politização da Vacina visa 2022
A aprovação da vacina aconteceu em meio a uma intensa disputa política entre o Governo Federal, o Ministério da Saúde e o governo de São Paulo, visando as eleições de 2022. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que desde o início tem encabeçado uma campanha antivacina e a favor de tratamentos precoces sem comprovação científica, chegou a declarar em um comentário recheado de xenofobia que não compraria “a vacina chinesa”.
A narrativa do Governo Federal muda após o adiamento da importação de 2 milhões de doses da Vacina AstraZeneca, que viriam da Índia. O Brasil chegou a preparar o avião para buscar as vacinas, que deveriam chegar ainda no domingo (18/01), mas o governo indiano se recusou a entregar as doses e o voo foi cancelado. Com isso, o Ministério da Saúde encaminhou um pedido para que o Butantan liberasse imediatamente todas as 6 milhões para o Governo Federal.
Trabalhadores em Educação devem ser prioridade
O início da vacinação com um número limitado de doses deve reacender o debate sobre a priorização dos Trabalhadores em Educação. Nesta primeira fase, o Estado de Minas Gerais receberá 561.120 doses da Coronavac que devem ser destinadas aos profissionais de saúde, indígenas, quilombolas e pessoas com mais de 75 anos de idade.
Mas, a partir da liberação de mais doses será importante debater quais setores da sociedade devem ser priorizados de acordo com o risco de contágio e o grau de importância de suas atividades. Na programação do Ministério da Saúde, os professores figuram apenas na quarta fase da campanha, ainda sem data, e nada foi falado sobre os demais Trabalhadores em Educação.
Para o Sind-REDE/BH, tal postura agrava ainda mais a crise educacional causada pela pandemia, pois não há qualquer possibilidade de reabertura das Escolas sem que haja a vacinação massiva de todos os atores que compõem a comunidade escolar. “Se cresce a pressão para reabertura das escolas é preciso garantir que isso se dê de forma segura e isso só será possível com a vacinação, juntamente com a implementação de reformas estruturais e protocolos de biosegurança”, pontua.
Na Educação Infantil, sobretudo, é preciso uma atenção especial para a imunização, devido a impossibilidade de cumprir protocolos de distanciamento físico e até mesmo de higienização.
O apelo é reforçado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) que no final de 2020 enviou recomendações para que aos governos que priorizem os Trabalhadores em Educação no acesso às vacinas contra a Covid-19, os considerando como trabalhadores da “linha de frente”.
Até o momento, apenas na Rússia, os Trabalhadores em Educação entraram na primeira faixa de prioridade, no Reino Unido posicionou os educadores na segunda fase. Mas a pressão para a inclusão destes trabalhadores cresce no Brasil, Estados Unidos e países da Europa.
Ainda não é hora do retorno presencial
Na última quinta-feira (14/01), escolas particulares de todo o Estado lançaram um manifesto pedindo o retorno das aulas presenciais a partir de fevereiro. Movimentação que o Sind-REDE/BH observa com muita preocupação, pois a cidade tem apresentado uma grande alta de casos e sobrecarga do sistema de saúde, que atinge o nível crítico tanto para leitos quanto para enfermarias de todo o estado, em especial, em Belo Horizonte.
A Entidade entende as dificuldades financeiras que as pequenas instituições de ensino particulares têm passado, correndo o risco de fechar as portas e deixar centenas de trabalhadores sem emprego, “mas o lucro não pode ser colocado acima da vida. Ao invés de pressionar pela reabertura, defendemos o socorro financeiro às pequenas instituições, para que não fechem as portas e não demitam. Convocamos esses setores a se somar a luta pela priorização da vacina aos trabalhadores em Educação”, finaliza.