O Sind-REDE/BH divulga nesta segunda-feira (22/02) uma carta aberta às comunidades escolares em que explicitam os motivos do porque são contra o retorno presencial das atividades escolares neste momento da pandemia.
No documento, os representantes dos trabalhadores citam a alta A taxa de transmissão (Rt) do novo coronavírus na cidade, que se encontra muito acima dos índices considerados seguros para a reabertura das Escolas pelo próprio Comitê de Enfrentamento da Prefeitura.
Na Carta Aberta à População, os trabalhadores ainda citam a falta de reformas estruturais das escolas, que impossibilitam o cumprimento dos protocolos estabelecidos e a falta de trabalhadores suficientes para fazer o acompanhamento dos grupos menores de estudantes e garantir a limpeza na constância necessária.
CARTA ÀS COMUNIDADES ESCOLARES
Senhores pais/mães/responsáveis;
Nós, trabalhadores em educação da Rede Pública Municipal de Ensino de Belo Horizonte, representadas pelo Sind-REDE/BH, entendemos o quanto o fechamento das escolas afeta a vida das crianças, dos jovens, das famílias e também as nossas e queríamos muito poder retornar. Entretanto, apesar de todos os problemas causados pela falta da escola, defendemos a vida e por isso avaliamos que este ainda não é o melhor momento para as escolas reabrirem.
Estamos vivendo um período muito difícil imposto pela Pandemia, com o aumento de mortes e contaminados em Belo Horizonte. Em meio a este cenário, ficamos muito preocupados e angustiados com a pressão que alguns setores tem exercido para um retorno às aulas presenciais sem as condições necessárias de segurança.
A escola é um espaço de muito contato e, para que haja um retorno seguro, é preciso ter um controle do índice de contaminação da pandemia. De acordo com o Comitê de Combate ao COVID 19 em Belo Horizonte, este índice seria de no máximo 20 novos contaminados para cada 100.000 pessoas, mas hoje o número é de 276 para cada 100.000.
Para conseguirmos chegar no índice apontados pelos técnicos, sem o risco de retroceder em todos os esforços acumulados até aqui, a campanha de vacinação precisa ser bastante ampliada, o que ainda não aconteceu. Além disso, mesmo com a pandemia controlada, as escolas precisam estar preparadas fisicamente para receber os estudantes. As janelas precisam ser ampliadas para que haja mais ventilação; os espaços abertos tem que ser adaptados para o uso das crianças; é preciso haver pias e banheiros suficientes para manter a higiene sem aglomeração; as cantinas tem que ser ampliadas, dentre diversas outras medidas que ainda não saíram do papel. Junto a isso, é imprescindível que haja garantia de material de higienização e de proteção individual para estudantes e trabalhadores. Por fim, mas não menos importante, que se aumente o número de professores, trabalhadores para acompanhar grupos menores e para fazer a limpeza.
Sem que as condições que citamos acima estejam colocadas, nós não temos condições de cumprir os protocolos com um percentual de sucesso que garanta a segurança das crianças dentro de nossas escolas.
Hoje, grande parte das escolas ainda estão em obras, outra parte nem iniciou esse processo. Apesar da Educação infantil ser a primeira da lista para retornar as aulas presenciais, pouquíssimas EMEI’s foram reformadas, a maioria segue sem nenhuma melhoria.
As aulas presenciais são imprescindíveis, mas nesse momento, aglomerar as crianças dentro das escolas aumentará a circulação do vírus e, consequentemente, os índices de contaminação na cidade, podendo levar ao colapso do Sistema Único de Saúde (SUS). Crianças também transmitem o vírus e adoecem, portanto, seria um atentado contra a vida, submetê-las ao retorno presencial neste momento.
Nossa luta agora deve ser pela vacina para todos; para que o poder público garanta a estrutura necessária para que possamos alcançar nossos estudantes por meio do ensino remoto; por mais investimento em educação desde já, a fim de que quando possamos de fato ter um retorno seguro, o impacto causado por esse longo período de escolas fechadas seja minimizado; para que os governos garantam o amparo para aqueles que se encontram em maior vulnerabilidade social, com o auxílio emergencial, socorro aos micro e pequenos empresários; garantia de cesta básica; auxílio gás e acompanhamento social das famílias através de uma ação combinada da educação, assistência social e saúde.
Sem o controle da pandemia e sem a vacinação ampla da população, não poderemos retornar com segurança para as escolas. Não podemos arriscar a vida das crianças, dos seus familiares e dos trabalhadores da Educação.
Não voltar às aulas presencias neste momento significa preservar vidas!
Aulas se recuperam! Vidas não!
Trabalhadores em Educação – Sind-REDE/BH