O processo de aprendizagem é contínuo e fundamental no desenvolvimento pleno do ser humano, tanto que é considerado um direito fundamental, que deve ser garantido pelo Estado.
Nesse contexto, os profissionais da educação são o elo das crianças e dos jovens com um grande universo de conhecimento.
Em Belo Horizonte, por exemplo, são eles que garantem o acesso de mais de 170 mil alunos à educação pública de qualidade, construindo em conjunto a compreensão de cada um enquanto indivíduo, a partir de aspectos culturais, sociais e cognitivos.
Educadores como agentes transformadores da sociedade
Paulo Freire dizia que “a educação é um ato de amor e por isso, um ato de coragem”.
Ao dar condições para crianças e jovens acessarem a criatividade, agirem com respeito nas relações sociais e pensarem criticamente, a partir de suas realidades, os profissionais da educação estão contribuindo para mudar o mundo.
Dessa forma, mais do que ensinar, eles inspiram, transformam e constroem o conhecimento juntos.
Por isso, a valorização é tão necessária. Estudos indicam que a característica que mais influencia a aprendizagem é a qualidade dos profissionais.
Portanto, quanto mais a administração municipal investir em formação docente inicial e continuada, bons salários e estrutura adequada para o andamento das aulas, melhores serão os resultados dos estudantes.
Já a baixa valorização gera desmotivação e atinge diretamente a autoestima dos educadores, com reflexos na condução do fazer pedagógico. A ampliação da jornada de trabalho gera rotinas desgastantes e dificulta a formação continuada. E muitos daqueles que conseguem avançar na formação, acabam abandonando a Educação Básica. Baixos salários, problemas físicos e psicológicos cada vez mais frequentes, infraestrutura escolar precária, violência no ambiente de trabalho, pressão e cobranças desproporcionais são fatores que levam ao abandono da profissão.
Os dados são alarmantes: apesar de estarem entre os profissionais que mais trabalham no mundo, 90% não se sentem valorizados. Levantamento também aponta que no Brasil, os educadores e as educadoras gastam mais tempo para manter a ordem em sala de aula: 20%, contra 13% na média internacional.
Prefeitura de BH desvaloriza a educação
O trabalho dos profissionais da Educação impacta em todo o município e, por isso, deve ser reconhecido.
Mas não é isso o que acontece em Belo Horizonte:
Apesar de ser a sexta capital mais populosa do país, com 2,5 milhões de habitantes, BH tem a terceira menor folha de pagamento da educação entre as capitais. A conta não fecha.
A prefeitura não paga sequer o Piso Salarial Nacional dos professores, que é o valor mínimo que a categoria deveria receber. Pela Lei 11.738/2008, em 2020, nenhum professor ouprofessora do país poderia receber remuneração inferior R$ 2.886,24, para jornada de quarenta horas semanais no magistério.
É importante ressaltar que a valorização passa também, intrinsecamente, pela garantia efetiva de melhores condições de trabalho.
Durante a pandemia, além de todo o esgotamento social, professores não receberam praticamente nenhum tipo de suporte para lidarem com as novas tecnologias ao ensino online. A saúde de muitos foi afetada, em virtude da alta demanda e da desregulação dos horários de trabalho, gerando sobrecarga.
Junto a isso, sofreram com corte das extensões de jornada, do vale alimentação e o aumento da alíquota da previdência dos trabalhadores concursados.
Em tempos que se normaliza o absurdo, é preciso reafirmar aquilo que é básico:
Além do piso e de progressões de carreira, é fundamental que os profissionais tenham tranquilidade para preparar suas jornadas com períodos de planejamento extraclasse; recebam incentivo para formação profissional continuada, e possam desenvolver suas atividades em locais apropriados, com a estrutura necessária.
A sociedade tem, em suas mãos, a possibilidade de transformar as próximas gerações, mas isso só será possível a partir de um olhar cuidadoso e atento às carreiras dos profissionais da educação.
Fonte: SindRede-BH