Sobre o ponto de vista da luta por uma educação de qualidade para todos os alunos das escolas públicas, a Educação a Distância é, principalmente para a Educação Básica, inaceitável e inaplicável. Pode ser determinada por um ou outro governante, mas será na verdade uma emissão online de certificação apenas para alguns alunos. Vale lembrar que não há base legal para isso hoje no Brasil.
Mesmo diante da utilização da modalidade a distância para compensação precária do “conteúdo” durante uma calamidade pública, não existe uma estrutura material montada para que isso se dê. Mesmo que houvesse, em quantas famílias haveria alguém em condições de acompanhar os estudantes nas tarefas? Não temos como comprar essa ideia para dar uma falsa resposta a setores da sociedade que pressionam por isso, mesmo que com boas intenções.
Fundações privadas, por exemplo, endossam a defesa da Educação a Distância de olho nos recursos da Educação. Pois a ampliação da EAD representará um salto gigantesco na privatização da Educação, na transferência de recursos públicos para instituições privadas. Nós levamos em conta o desenvolvimento humano e social que as escolas proporcionam, de acordo com a realidade específica de suas comunidades e a construção conjunta do conhecimento compartilhado em sala de aula por alunos e professores.
Em período de pandemia as famílias reforçam, com maior ou menor condição, laços e formas de trocas e aprendizagem com os estudantes. Após o fim do isolamento social e Pandemia, quando voltarmos às escolas, teremos que discutir coletivamente como reorganizar a vida escolar, Mas, não há como cumprir os 200 dias letivos e nem as 800 horas. Podemos ter um programa de complementação de dias letivos com atividades a serem realizadas em casa, mas monitorada pelos professores. Férias e descansos devem ser garantidos, pois, o isolamento social gera inevitavelmente muita tensão e todos voltaremos ao espaço escolar com um desgaste acumulado que precisa ser levado em conta no retorno às atividades.
Receamos também que a intenção do MEC e da Secretaria Estadual de Educação, com a concepção de aulas virtuais, possa ser entendida como um balão de ensaio para a expansão da Educação a Distância no Brasil. Se aproveitando de uma tragédia para instituir medidas que depois não terão volta e poderão ser desastrosas para a educação no país.
Diretoria Colegiada do Sind-REDE/BH