No 1° de Maio, data em que se comemora o Dia Internacional de Luta da Classe Trabalhadora, os trabalhadores do país se reuniram para realizar manifestações em todos os estados, nas capitais e diversas cidades país afora.
No Brasil de Bolsonaro as trabalhadoras e os trabalhadores não têm o que comemorar. O número de desempregados aumentou consideravelmente no último trimestre, alcançando a marca dos 13, 4 milhões de pessoas sem emprego. O número de pessoas desalentadas – que desistiram de procurar emprego – também bateu recorde, chegando à 4,9 milhões.
Além desses números nada animadores, há também outros milhões de trabalhadores desvalorizados, trabalhando em subempregos ou em situação de grande precarização. Precarização essa que só aumentou desde a aprovação, com apoio e voto do atual presidente, da Lei da Terceirização sem Limites que atingiu até mesmo as atividades-fim.
Governo lança medidas contra os Trabalhadores e Sindicatos
Apesar do aumento do desemprego e da precarização das condições de trabalho, as primeiras medidas do governo Bolsonaro não tiveram como objetivo combater esses problemas, muito pelo contrário. O presidente aprofunda os ataques com a extinção o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e a perseguição das entidades sindicais. Bolsonaro editou a Medida Provisória 873/2019 com o intuito de impedir que o trabalhador possa escolher a forma de fazer a sua contribuição ao sindicato representativo da sua categoria. Essa MP, que viola o princípio da liberdade sindical e de livre associação sindical dos trabalhadores, foi criada com o intuito de enfraquecer as entidades representativas para impedir que os trabalhadores se organizem contra a retirada de direitos, como a Reforma da Previdência de Bolsonaro/Guedes.
Trabalhador não é prioridade do Governo
Em seu primeiro pronunciamento pelo 1º de Maio, em menos de dois minutos, Bolsonaro falou apenas em livre mercado, incentivou a informalidade que resulta na precarização do trabalhador e reiterou facilidades para quem quiser empregar. Sem qualquer medida para resolver o problema do desemprego e das péssimas condições de trabalho, Bolsonaro evidenciou que os trabalhadores não são (e nunca serão) prioridade em seu governo. Afinal, ele jogou a responsabilidade do emprego nos ombros dos próprios trabalhadores ao falar em “mérito próprio” e explicitou a não interferência do Governo Federal em qualquer medida que possibilite ou incentive a criação de vagas de trabalho.
Bolsonaro quer acabar com o direito do trabalhador de se aposentar
As medidas do Governo demonstram que o foco de Bolsonaro não é melhorar a vida da classe trabalhadora. O objetivo é facilitar o lucro dos grandes empresários e banqueiros, a partir da destruição da Previdência Social Pública. Um exemplo desse menosprezo é o estelionato eleitoral cometido por Bolsonaro/Guedes ao ceder as chantagens do Congresso Nacional, concedendo Emendas Parlamentares, para conseguir aprovar a sua Reforma da Previdência que, na prática, vai impedir que centenas de milhares de trabalhadores consigam o direito de se aposentar.
O plano de Bolsonaro/Guedes de mudar do atual regime de repartição na Previdência Social para o regime de Capitalização, na prática, é uma forma de privatizar a Previdência Social. O novo regime tira a responsabilidade do Governo e das empresas no sistema de Previdência, o que além de dificultar a aposentadoria, pode fazer com que o trabalhador receba menos que um salário mínimo. Esse sistema de Capitalização da Previdência é inspirado no modelo do Chile, onde as consequências da capitalização tem gerado o maior número de suicídios entre idosos do mundo.
Governo ataca a educação pública e professores
Além do recente anúncio do corte de 30% nas verbas nas Universidades e Institutos Federias de Ensino, o Ministro da Educação tenta chantagear a população, dizendo que esse corte poderá ser revisto caso a reforma da Previdência seja aprovada. Anteriormente, a atual líder do governo na Câmara, deputada Joice Haselmann (PSL/SP), já havia atacado a Educação e os seus trabalhadores. Ela afirmou que “investir mais dinheiro na Educação seria como colocar mais água numa mangueira gigantesca cheia de buracos”, e finalizou seu discurso declarando que “os professores brasileiros não sabem ensinar”.
Isso sem contar com medidas, que de tão absurdas não chegaram nem a ser implementadas, como obrigar professores a gravarem seus alunos cantando o hino nacional e repetindo o slogan de campanha de Bolsonaro e o incentivo oficial para que alunos gravem as suas aulas e denunciem seus professores por suas declarações e posicionamentos políticos, num claro intuito de intimidar e expor (ilegalmente) os profissionais.
Essas e tantas outras medidas, não só demonstram o mais profundo desconhecimento da realidade da Educação brasileira, como também dissemina desinformação e preconceito contra todos os profissionais da Educação, que mesmo desvalorizados trabalham com afinco e dedicação na formação crítica de estudantes. Esses profissionais lutam constantemente, não só pela sua valorização salarial e de suas carreiras, mas também em defesa de uma educação pública, gratuita e de qualidade social para todas e todos.
Centrais sindicais aprovam Greve Geral para o dia 14 de junho
Nos atos deste 1º de Maio aconteceu uma unidade histórica entre as Centrais Sindicais, foi a primeira vez que as entidades realizaram um ato conjunto no Dia Internacional de Luta da Classe Trabalhadora. Juntas, as Centrais Sindicais aprovaram a convocação de uma Greve Geral contra a Reforma da Previdência no dia 14 de junho. A data já havia sido deliberada na reunião das Centrais, mas passou por votação simbólica nos atos do 1º de Maio.
A orientação é que, a partir de agora, a mobilização comece a ser construída nas bases das mais diversas categorias, para que no dia 14 de junho sejam paralisados todos os locais de trabalho, estudo, comércio, bancos e circulação de mercadorias.
Marcar um dia de Greve Geral e ratifica-lo no dia 1º de maio foi um importante passo para mostrar a reação dos trabalhadores aos ataques de Bolsonaro e Paulo Guedes. Porém, para que a data realmente seja efetiva é preciso construí-la junto a cada sindicato de base. Além disso, é preciso exigir das Centrais um calendário coerente, que não se resuma à único dia de paralisação. Por isso reforçamos a necessidade de fortalecer também o dia 15 de Maio, convocado pela CNTE como a Greve Nacional da Educação, que além de se posicionar contra a Reforma da Previdência também levanta a defesa da Educação, Ciência e Tecnologia públicas e da liberdade de ensinar e aprender. Esperamos que o dia 15 de Maio possa ser realmente o início de uma forte greve unificada da Educação, que ela dê fôlego para que a Greve Geral do dia 14 de junho não se resuma a apenas um dia.
A força da classe trabalhadora
Só a luta muda a vida e não há conquistas sem lutas. Vamos mostrar, ao Governo e às patronais desse país, a força da classe trabalhadora brasileira. Somos responsáveis por fazer girar a economia do país, somos nós quem produzimos as riquezas, com nossa força de trabalho e com o pagamento de impostos.
Vamos nos unir e lutar juntos contra o menosprezo dos governos e dos patrões aos trabalhadores brasileiros. Vamos lutar unidos contra o desemprego, contra a precarização do trabalho e pelo direito aposentar.
RUMO À GREVE GERAL!
CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA!
PELO DIREITO DE SE APOSENTAR!
EM DEFESA DA PREVIDÊNCIA PÚBLICA!
PELA REVOGAÇÃO DA REFORMA TRABALHISTA!