O último sábado (23/01) foi um dia histórico de carreatas por todo o Brasil contra a condução do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) da crise causada pela pandemia de Covid-19. Com a chamada “Impeachment Já, Manifesto Pela Vida”, o movimento suprapartidário contou com o apoio de ao menos 85 entidades, entre sindicatos, movimentos sociais e partidos de esquerda.
Em Belo Horizonte, o ato que se concentrou a partir das 14h na esplanada do Mineirão surpreendeu até os seus organizadores, devido a sua extensão e expressão política, segundo os organizadores cerca de 10 mil carros participaram do protesto. Os manifestantes utilizaram faixas, bandeiras e cartazes nos veículos para mostrar a sua indignação, sem comprometer os protocolos sanitários de distanciamento social. Junto aos buzinassos e palavras de ordem, os carros de som sempre enfatizavam a necessidade dos participantes permanecerem em seus carros e incentivavam o uso de máscaras. Ao passar próximo de hospitais, a recomendação era de aumentar a velocidade e cessar o barulho.
A concentração do Sind-REDE/BH começou às 15h30, com a distribuição da faixas e cartazes que levavam a pauta da categoria. A pauta da Entidade foi além do Impeachment, pedindo pelo “Fora Bolsonaro e Mourão”, bandeira que foi aderida por diversos setores e tem exigiu a ampliação e massificação da vacina e a manutenção do fechamento das escolas até a vacinação.
A carreata partiu da esplanada do Mineirão às 16h30, ocupando todas as faixas da Av. Abraão Caram e seguiu ocupando duas faixas da Av. Antonio Carlos em direção ao centro. Segundo os organizadores, em alguns momentos a fila de carros chegou a 15km. A carreata durou mais de 4 horas e se encerrou na Praça da Estação.
O apoio da população foi evidente durante todo o trajeto. Das janelas dos prédios e das calçadas, a manifestação foi recebida com palmas, panelaços e gritos de “Fora Bolsonaro”.
Manifestante também realizam ato na Praça Afonso Arinos
Junto a carreata, um outro grupo de manifestantes se reuniu na Praça Afonso Arinos às 16h e partiu rumo à Praça da Estação em passeata. O ato organizado principalmente por membros de frações de esquerda de torcidas organizadas como a Resistência Alvinegra e a ANTIFA 82. Segundo os organizadores, o objetivo era reunir aqueles que queriam se manifestar, mas não possuíam veículo para ir a carreata.
Brasil afora
No sábado, as manifestações aconteceram em todas as capitais brasileiras e em diversas cidades pelo interior, reunindo centenas de veículos. Em Minas Gerais, a carreata também aconteceu em Contagem, Juiz de Fora, Ouro Preto, Poços de Caldas, Varginha, Uberlândia, Januária, Muriaé, Pedro Leopoldo, entre outras.
Junto aos pedidos de impeachment de Bolsonaro e criticar a gestão da pandemia, os manifestantes pediam pelo retorno do auxílio emergencial, encerrado em dezembro de 2020, agilidade na vacinação, apoio aos profissionais da saúde e socorro ao colapso de Manaus, que sofre com a crise de escassez de oxigênio.
Além das manifestações protagonizadas pela esquerda no sábado, no dia seguinte grupos de direita como o “Vem Pra Rua” e o “MBL” convocaram carreatas pelo impeachment no Rio de Janeiro e em São Paulo. Apesar de terem menos expressão que as carreatas de sábado, elas demonstram o recente aprofundamento do desgaste de Bolsonaro e o anseio de antigos aliados em se distanciar do presidente.
Bolsonaro já é o presidente que acumula mais pedidos de impeachment, com mais de 60 pedidos engavetados. Junto a isso, todas as pesquisas publicadas na última semana apontam para uma queda de popularidade do Presidente, que atinge os índices mais baixos desde maio de 2020, no início da Pandemia, em algumas das pesquisas a aprovação do presidente chega a números menores que 30%.