Apesar da postura dos governos Bolsonaro e de João Doria (SP), que se negam a decretar quarentena nas fábricas que não produzem produtos essenciais e, com isso, estão colocando em risco a vida de milhares de empregados, com mobilização, os trabalhadores estão garantindo a suspensão das atividades.
Em São José dos Campos e região (SP), a luta do Sindicato dos Metalúrgicos, filiado à CSP-Conlutas, já resultou na liberação do trabalho para aproximadamente 24 mil trabalhadores. Desde o último dia 12, a entidade vem cobrando das empresas a adoção de licença-remunerada e, numa iniciativa inédita, no domingo (22), foi publicado um decreto chamando uma greve geral na categoria.
A pressão surtiu efeito e desde segunda-feira mais de 30 fábricas da base tiveram paralisação. Além das maiores empresas, como Embraer, GM, Avibras, ao longo do dia de ontem, outras fábricas como Panasonic, Eaton, TI Automotive, Hubner, entre outras, anunciaram licença-remunerada ou férias coletivas. Empresas que estão resistindo em liberar os trabalhadores, estão enfrentando greve, como na Armco, que fica em Jacareí.
As fábricas representadas pela Assecre (Associação dos Empresários das Chácaras Reunidas), localizadas num bairro de grande concentração industrial em São José, também informaram que devem dar licença remunerada a partir de quarta-feira (25), com retorno previsto para dia 13 de abril.
“Para o combate ao coronavirus, a paralisação da produção de todas as empresas que não têm uma atividade essencial é fundamental hoje. Na Itália, o governo e os patrões agiram com total descaso, como estão fazendo Bolsonaro e João Doria, e o resultado foi a catástrofe que estamos assistindo com um número recorde de infectados e de mortos”, afirmou Weller Gonçalves, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região.
Ganância, não. Vida, sim!
“Merece todo o repúdio a postura dos governos de Bolsonaro e estaduais, como de João Doria (SP), que, apesar de todos os alertas, têm defendido que os trabalhadores sigam se aglomerando dentro das fábricas sob o risco de contaminação pelo coronavírus. Esse posicionamento demonstra muito bem a ganância capitalista, que não está nem aí para a vida da classe trabalhadora”, denunciou Weller.
A declaração de empresários que tratam com descaso a defesa da vida dos trabalhadores diante da pandemia de coronavírus tem causado indignação. Junior Durski, dono da rede de hamburguerias Madero, sócio de Luciano Huck e apoiador de Bolsonaro, em vídeo, afirmou que paralisações de empresas não se justificam por conta de “5 mil ou 7 mil pessoas que vão morrer (por conta do coronavírus)”.
Luciano Hang, outro empresário apoiador de Bolsonaro, dono da rede de lojas Havan, Sérgio Rial, presidente do banco Santander, e Alexandre Guerra, sócio da rede Girafas, também deram declarações de pouco caso diante da gravidade da pandemia e a contaminação dos trabalhadores. Todos defenderam medidas do governo de Bolsonaro que está propondo a redução de salários, direitos e demissões para garantir os lucros das empresas a qualquer custo.
Em São José, algumas empresas tentaram pegar carona na MP 907 publicada no domingo à noite por Bolsonaro, mas foram rechaçadas pelo Sindicato. A MP previa a suspensão dos contratos de trabalho e dos salários. Diante da repercussão negativa, o governo voltou atrás, mas ainda assim a MP traz diversos ataques e redução de direitos.
“Qualquer empresa que tente retirar direitos, especialmente num momento de grave crise como este, vai enfrentar o poder de mobilização dos metalúrgicos. Não vamos acatar nenhum ataque da MP de Bolsonaro”, afirmou Weller.
Outras categorias
Outras categorias também estão se mobilizando em defesa da vida. Em Aracaju (SE), após mobilizações e pressão feita pelo Sindimarketing, sindicato filiado à CSP-Conlutas, o MPT (Ministério Publico do Trabalho) notificou a empresa de telemarketing Almaviva para que suspenda as atividades e libere os trabalhadores, que estão sendo obrigados a trabalhar em condições totalmente insalubres.
A Fenasps enviou ofício ao INSS também cobrando a proteção à saúde dos servidores e da população que buscam a Previdência.
O Sind-REDE também acionou a Justiça do Trabalho, com o objetivo de liberar os trabalhadores terceirizados das escolas. A justiça deferiu parcialmente o pedido do Sind-REDE, liberando os trabalhadores terceirizados em grupo de risco, veja a matéria completa clicando AQUI.