O Rodoanel é uma obra que possui 100 km de extensão passando por 11 cidades da Região Metropolitana de Contagem (12,3 Km), Betim (18,5 Km), Belo Horizonte (6,5 Km), Ibirité (17,9 Km), Nova Lima (1,5 Km), Sabará (6,2 Km), Santa Luzia (13,4 Km), Vespasiano (9,8 Km), São José da Lapa (1 Km), Pedro Leopoldo (5,2 Km) e Ribeirão das Neves (8,4 Km) e será feito com a parceria público-privada tendo por objetivo desafogar o tráfego do Anel Rodoviário de Belo Horizonte e diminuir os acidentes que fazem parte do histórico desta rodovia.
Todavia, desde a sua criação a proposta do projeto passa por questionamento pela a sociedade civil, moradores dos bairros, povos quilombolas, indígenas e movimentos sociais que serão atingidos pela obra.
A discussão que já foi palco de audiências, reuniões, seminário e muitas manifestações têm como questionamento os impactos ambientais e sociais, pois o projeto da obra revela que seu traçado irá comprometer áreas de muitas nascentes como algumas ligadas à lagoa Várzea das Flores que é responsável por abastecer Contagem, Betim e parte da região de Belo Horizonte, além de afetar os territórios de povos originários como os quilombolas, na medida em que a mudanças na geografia do local prejudicará o desenvolvimento das religiões de matrizes africanas que possuem seus terreiros nas proximidades desta região e precisam da natureza para cultivar sua religiosidade.
O projeto também é ilegal pois não respeita a Convenção n° 169 da Conferência Internacional do Trabalho sobre povos indígenas e tribais.
Uma audiência foi realizada no dia 03/08 de 2022 no Mistério da Justiça Federal quando o secretário Fernando Marcato apresentou o projeto às lideranças dos quilombolas, dos povos originários e movimento sociais que lutam nessa causa e afirmam que o Estado deve escutar a população, repensar a mobilidade urbana e seus impactos e pensar outras alternativas para a mobilidade sem prejudicar o meio ambiente e sem cobrar pedágio da população.
O leilão que decidirá a empresa responsável pela construção do Rodoanel está previsto para o dia 12/08/22. O custo de obra previsto é de 5 bilhões com recursos da indenização da Vale pelos Crimes cometidos em Brumadinho, dinheiro que deveria ser usado para a melhoria das condições de moradia, saneamento e serviços públicos.
No domingo, dia 07/08/22, às 8 horas, acontecerá um caminhada em Contagem em defesa das águas que sairá do bairro Nascente Imperiais indo até a lagoa Várzea das Flores. (veja a arte abaixo).
O Sind-REDE/BH é contra as privatizações e vê com preocupação este projeto que já traz em si tantas contradições e que envolve empresas como a Vale, empresa responsável por tantas tragédias em Minas Gerais destruindo povos, meio ambiente e que continua suas atividades. É preciso defender o meio ambiente, o direito dos povos originários e defender os serviços públicos, gratuitos e de qualidade para todos.