Quem estimula o ódio aos servidores públicos

Esta é uma estratégia política de setores que desejam se apropriar do que é público

A maioria das pessoas quer viver em uma cidade onde as crianças e jovens têm acesso a escolas e universidades de qualidade, a hospitais e unidades de saúde com agilidade no atendimento. Desejam circular com segurança e sem medo, viver em um lugar com ruas limpas e boa infraestrutura, onde haja justiça social e leis que melhorem a vida das pessoas.

É possível construir essa realidade, mas isso depende da valorização dos servidores públicos, pois eles são responsáveis pelo desenvolvimento e execução das políticas públicas criadas para atender às necessidades da sociedade.

É assim em todos os países considerados desenvolvidos, e é assim no Brasil. Seja na educação, na saúde, na segurança ou em inúmeras outras áreas, as funções mais básicas de funcionamento do Estado são desempenhadas, todos os dias, por milhões de trabalhadoras e trabalhadores cujo papel é servir à população.

A pandemia causada pelo vírus da Covid-19 comprovou o papel essencial desses serviços para a população.

Campanha permanente

Mesmo assim, existe uma campanha permanente contra o funcionalismo público. Sucateamento das estruturas, desvalorização dos profissionais, disseminação da ideia absurda de que a culpa pelo desequilíbrio fiscal e pelas crises financeiras do Brasil é dos servidores.

Querem que a população odeie o serviço público.

Não é de hoje que os setores econômicos utilizam essas estratégias para reduzir o papel do Estado, privatizar áreas essenciais e fazer a população pagar mais caro por aquilo que hoje é garantido pelo Poder Público.

Por trás das mentiras contra o funcionalismo público há sempre a tentativa de enganar a população, para que as pessoas acreditem que a demissão de servidores, a redução de salários e o encolhimento da “máquina pública” seriam os únicos meios de manter o equilíbrio financeiro dos governos.

O que nunca explicam é que investimento em serviços públicos não é um “gasto”, é o papel do Estado.

Números provam

No Brasil, metade dos servidores ganha até 3 salários-mínimos, e apenas 3% ganham mais de 20 salários-mínimos. Em Belo-Horizonte, por exemplo, a prefeitura se recusa a pagar o piso salarial do magistério para os professores.

A folha de pagamento dos servidores públicos representa 10,5% do PIB (uma média que se mantém há quase duas décadas). Na Austrália, que tem apenas 25 milhões de habitantes, esse custo representa 17% do PIB. Na Espanha, é de 12,2%.

O mesmo estudo aponta que os trabalhadores do serviço público no Brasil correspondem a cerca de 12% dos trabalhadores, bem abaixo do que os 18% de média das nações da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e até mesmo de países de tradição liberal como EUA (15,2%) e Reino Unido (16,4%).

O problema do Brasil não é o serviço público, e muito pelo contrário. Sem o setor público e suas instituições, a população não teria acesso à saúde, educação, assistência social, segurança, infraestrutura, planejamento e mobilidade urbana.

Por isso, o primeiro passo é valorizar as servidoras e os servidores. São eles que garantirão o acesso das pessoas a seus direitos mais básicos.

Fonte: SindRede-BH