No dia 25 de julho comemoramos o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. No Brasil, o dia também é em homenagem à Tereza de Benguela, líder quilombola que se tornou rainha, resistindo bravamente à escravidão por duas décadas. É portanto, um dia para reafirmar e resgatar a ancestralidade da luta e da resistência das mulheres negras.
A data é importante para chamar a reflexão de como a questão da opressão é interseccional. E como a leitura clássica do feminismo, com suas raízes europeias muitas vezes secundariza o debate racial de classe e o seu peso na determinação da condição da mulher negra na sociedade brasileira.
As mulheres negras são as mais impactadas pelas crises sociais e econômicas, pois ocupam um lugar de vulnerabilidade quando analisamos fatores como inclusão no mercado de trabalho, disparidade salarial, condições de trabalho e desemprego. Em relação a violência, a disparidade também é assombrosa, quanto o índice de feminicídios tem caído entre mulheres brancas (3,1 a cada 100 mil), entre as mulheres negras o índice de um salto (5,3 a cada 100 mil), uma diferença de 71%, segundo o Atlas da Violência do Ipea, de 2018.
O índice de desemprego entre as mulheres negras é o dobro em relação aos homens brancos. Segundo o Ipea, enquanto o desemprego entre mulheres negras subiu 80% em relação ao período anterior à crise econômica, entre homens brancos o aumento foi de 4,6 pontos percentuais – entre homens negros, houve crescimento de 7 pontos percentuais.
As mulheres negras são a maioria no trabalho doméstico e minoria em boa parte dos serviços essenciais. Além do trabalho da mulher negra ser precarizado e com remuneração menor, há também uma subutilização de sua força de trabalho, isso impacta 40,9% das mulheres negras se comparado aos homens não negros (18,5%).
Isso tem uma consequência direta no aumento da fome. Submetidas a informalidade e sem apoio familiar, as mulheres negras são as mais afetadas pelas desigualdades sociais e pelos ataques do governo Bolsonaro aos serviços públicos como Educação e Saúde, além de serem as principais vítimas do machismo e do racismo estrutural no país.
E por qual razão o Sind-REDE/BH deve incorporar esta luta? A nossa Rede é formada, em sua maioria, por mulheres e, cada vez mais, as mulheres negras ocupam a função de serem professoras. Elas se somam as demais trabalhadoras terceirizadas, maioria também mulheres negras, que sofrem as opressões que assola a vida da comunidade escolar marcada pela violência causada pelo machismo e o racismo.
Ao falarmos do dia 25 de julho queremos denunciar a exploração ainda presente nesta sociedade que tanto se beneficiou com a escravidão, denunciar os problemas que ainda afetam a mulheres negras, mas também valorizar estas guerreiras que com seu trabalho continuam não apenas a educar os filhos da classe trabalhadora como a produzir a riqueza do país.
As professoras do Fundamental e da Educação Infantil, as demais trabalhadoras da escola como Auxiliar de Biblioteca, Secretaria, Auxiliar de Escola, Apoio ao educando, Faxineiras, Cantineiras, Mecanografia, artífice, segurança e todas as mulheres negras das comunidades escolares continuam lutando e organizando a resistência contra a violência nas periferias e contra o desemprego, a precarização e a miséria que assola o país.
Por isso, o mês de julho deve ser marcado por atividades que visem chamar a atenção para a luta e resistência dessas mulheres, contra o machismo e o racismo da nossa sociedade e para denunciar a dupla opressão que sofrem. Queremos lutar para que as desigualdades tenham fim e lembrar o passado para dar força ao presente é fundamental! Assim, saudamos a luta das mulheres negras trabalhadoras!