O discurso de Bolsonaro na ONU, recheado de mentiras sobre o combate a corrupção, a questão ambiental e gestão da pandemia além de autoelogios e negacionismo científico, demonstra que ele não desistiu de manter a sua base mobilizada. O recuo de Bolsonaro diante da resposta institucional que recebeu do Congresso e STF é um reflexo de sua fragilidade, mas não significa que o presidente desistiu de uma aventura golpista. Apenas representou mais um capitulo de seu modus operandi, que se baliza em testar os limites do regime, normalizando os ataques à democracia.
O programa de Bolsonaro é o Golpe, pois essa seria a forma mais efetiva de intensificar a sua agenda de ataques aos direitos dos trabalhadores, destruição dos serviços públicos e avançar radicalmente com uma política conservadora de desvalorização dos direitos humanos das minorias. Além, é claro, da possibilidade de blindar a si próprio, aliados e todo a sua família, que a cada dia se afundam mais em denúncias de corrupção.
Um governo de morte
Desde o início de sua gestão, o governo Bolsonaro aplica uma política de desmonte do estado brasileiro, com a precarização do trabalho e direitos históricos da classe trabalhadora, mas isso tomou outros contornos diante da pandemia que já resultou, oficialmente, em quase de 600 mil mortes.
Bolsonaro que afirmou que teria que optar entre salvar vidas ou a economia. Com seu negacionismo científico, militou contra as políticas de isolamento social e incentivou o “tratamento precoce” com drogas sem comprovação científica para beneficiar setores da burguesia que se recusavam a reduzir a produção, mesmo diante das mortes.
Mas além das centenas de milhares de mortes, Bolsonaro também é responsável por destruição completa da economia brasileira que voltou ao mapa da fome, que já atinge 19 milhões de brasileiros. O desemprego e precarização do trabalho cresce a cada dia e a inflação corrói o salário dos que ainda conseguem trabalhar, tornando inviável até o trabalho dos já desempregados, como motorista de aplicativo.
Descobertas recentes, indicam ainda um mórbido esquema envolvendo o Plano de Saúde Prevent Senior, que utilizou o “kit covid” e outros tratamentos sem eficácia em caráter experimental sem a autorização dos pacientes ou de seus familiares. Utilizando seres humanos como verdadeiras cobaias, a seguradora ainda alterou prontuários para ocultar mortes em decorrência do tratamento e reduzir o número de óbitos oficiais por Covid-19. Estes estudos fraudulentos foram utilizados pelo presidente Bolsonaro para exaltar o tratamento precoce e descredibilizar vacinas.
Em se tratando de vacina, estas também representam um foco importante de investigação de um complexo esquema de superfaturamento e propina envolvendo o Ministério da Saúde e empresas de fachada. O Governo Bolsonaro tentou de todas as formas autorizar a compra de vacinas pela iniciativa privada, atrasando negociações na compra de vacinas da Pfizer e Coronavac, já autorizadas pela Anvisa, para beneficiar a negociação do imunizante Covaxin, envolvendo a empresa Precisa Medicamentos, ligada ao líder do governo Ricardo Barros e que já aplicou golpes no Ministério da Saúde em outras gestões.
Ao que parece, o mesmo esquema mafioso utilizado para negociar vacinas da Covaxin também foi utilizado na negociação da compra de testes rápidos e outros insumos necessários aos profissionais de saúde, como máscaras, seringas e luvas.
Não dá pra esperar 2022
Apesar de todos os desgastes e denúncias de corrupção, Bolsonaro segue aplicando o seu programa de morte e ataques aos trabalhadores. Bolsonaro e Guedes continuam avançando no projeto de precarização dos direitos trabalhistas, desmonte do serviço público e privatizações.
A privatização da Eletrobrás avança a passos largos e já caminha para o processo de execução; o texto base da privatização dos correios também já foi aprovado na Câmara, que a partir de uma manobra recentemente também aprovou a primeira etapa da reforma administrativa (PEC 32) na comissão especial.
A cada novo dia de governo Bolsonaro é mais um dia de sofrimento para os trabalhadores e o povo pobre e afunda cada vez mais o país na crise econômica, moral e sanitária. Por isso, toda unidade é necessária para derrubá-lo. A maioria da população já não aguenta mais Bolsonaro, mas para vencê-lo é necessário transformar essa maioria social em maioria militante, nas ruas.
Neste sentido, os atos do dia 2 de outubro e 15 de novembro tem um papel muito importante, aglutinar todas as forças que se opõem a política de morte do governo Bolsonaro, para por fim ao seu governo de uma vez por todas.